wine skin

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Tenho o costume de transportar garrafas quando viajo, pois os deliciosos vinhos do meu estado são um excelente presente para familiares e amigos. Tenho então minhas técnicas pra proteger as garrafas, prevenir acidentes e otimizar espaço. Embrulho as garrafas em envelopes plásticos com fechamento firme e depois enrolo cada garrafa em roupas. Nunca tive uma garrafa quebrada, mas achei essas embalagens para carregar vinhos na mala muito mais práticas. Encontrei as wine skins pra vender numa vinícola no Napa Valley. Paguei três patacas cada uma e não sei se elas são feitas para serem reusadas por muito tempo, mas eu vou testar. Elas tem um fechamento adesivo, que podem não fechar tão bem depois da primeira viagem. Mas não é nada que uma boa fita crepe não resolva não é?

um Alvarinho da Califórnia

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A variedade de uva Alvarinho/Albariño é bem comum em Portugal e Espanha, mas esta foi a primeira vez que vi a versão californiana, produzida aqui perto de mim, no central valley, na cidade de Clarksburg. Essa região tem muitas vínicolas com tradições portuguesas, devido a presença de uma grande população de descendentes de imigrantes dos Açores. Estivemos uma vez numa dessas vinícolas, na curiosidade de participar de uma festa portuguesa. O vinho era muito bom. Tenho bebido muitos vinhos feitos em Clarksburg e todos eles são excelentes. Move over, Napa valley! E esse Alvarinho estava particularmente delicioso. Adorei não só o liquido, mas também o nome da vinícola, bem californiana—temos muitos coyotes por aqui, e o design super moderno do rótulo. Recomendo e certamente comprarei esse vinho muitas outras vezes.

a arte de encher linguiça

Eu nunca enchi uma linguiça de verdade nessa minha vida de enchedora de linguiça de palavras. Tirar assunto das pedras, sim isso é possível se você quiser e tiver o dom da conversa. Não quero insinuar que o meu papo é o mais interessante do planeta, mas quem sabe encher linguiça, sabe encher linguiça. E é claro que não estou falando da linguiça comestível.

Por isso nos dias em que fico sozinha em casa—e que não são poucos durante o verão, nem rareiam durante o resto do ano para quem é casada com um acadêmico, quando não tenho um outro humano presente para conversar, tagarelo com os gatos, com a televisão, com o computador e comigo mesma, que sou realmente a melhor e única companhia quando estou sozinha. Me dou bronca colocando o meu próprio dedo em riste no meu próprio nariz, tomo decisões exclamando bem alto frases autoritárias—AGORA CHEGA TÁ ME OUVINDO? ou—AGORA VAI OU RACHA, HEIN DONA FERNANDA! Dou muitas gargalhadas lembrando de certas histórias, choro borbulhões de lágrimas quando a macaca morre de pneumonia no filme, leio livros, leio revistas, marco receitas pra fazer, faço algumas mesmo estando sozinha e além de fazer, eu como. Sim, como e bebo, pois posso ser tudo, mas boba é que eu não sou.

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O único problema de fazer receitas quando se está sozinha é acabar com um monte de comida sobre a mesa, nas bancadas, no fogão e na geladeira. Quando alguém aparece, já vou oferecendo—não quer levar esse bolinho, fiz com farinha orgânica superfina, ovos cairpiras, tá vendo como tá amarelão? Empurro sobras pro meu filho, que já tem empilhado na cozinha da casa dele um monte de pratos, vasilhas de vidro com tampa e guardanapos, esperando ele lembrar de me devolver. Mas mesmo sendo comida super simples, eu faço em casa. Pois gosto de comer, e comer comida fresca, comida boa, quero aproveitar as frutas, os legumes, não quero comer qualquer porcaria em qualquer lugar puramente por causa da minha preguiça.

Descobri a roda e o fogo quando decidi testar fazer batata frita e torradas na churrasqueira. Dá super certo e fica super bom, garanto! Outro dia fiz até um frango xadrez usando uma wok dentro da churrasqueira. Queimou os cabos de madeira, mas o frango com legumes e amendoim ficou uma delícia. No verão eu uso e abuso da minha churrasqueira, muitas vezes porque está muito quente pra ligar o fogo do fogão, outras vezes somente porque cozinhar no quintal é divertido. E tudo feito na churrasqueira tem um gosto especial. Aos poucos vou experimentando coisas diferentes.

vinho
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No dia em que chegou a cesta orgânica eu já grelhei uma berinjela comum e outra japonesa, vários pimentões verdes, amarelos e vermelhos, algumas pimentas jalapeño, várias abobrinhas. Aproveitei e cortei uma baguette do dia anterior em rodelas, esfreguei alho e pinguei uma gota de azeite em cada uma e também grelhei—acredite, ficam as melhores torradas para bruschettas! Meu jantar neste mesmo dia foi torradas com tomates e folhas de manjericão picados e temperados com azeite, um pingo de balsâmico e sal, mais as abobrinhas grelhadas, que eu pré-temperei com ervas de provence, sal grosso e azeite, mais alguns figos e nectarinas frescas, além de duas taças de vinho rosé, feito com uvas orgânicas da costa norte da Califórnia.

Não me importo de sentar à mesa sozinha, escutando jazz, falando comigo mesma, rindo dos gatos, comendo coisas nem sempre combinantes, nem sempre uma refeição clássica, desde que seja comida boa, gostosa, fresca, que eu como com um imenso prazer. E como muito, nem vou mentir. Gosto de encher linguiça, gosto de falar, gosto de comer e beber. Mas tem uma hora que é preciso dizer chega. Hoje vou buscar meu marido viajante no aeroporto. Agora quero comer e beber um pouco com companhia, contar e ouvir histórias, abraçar, beijar, dar risada—que saudades que estou dele!

Cache Creek lavender fields

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Visitamos outra região que não conhecíamos, aqui no norte da Califórnia, ainda no nosso condado deo Yolo. São tantos lugares legais, cidadezinhas, mercados, vinhedos, vinícolas. O Capay Valley é bem conhecido pela sua riqueza agrícola. No caminho vimos muitos campos de arroz, alguns de tomates alternados com trigo e os indefectíveis pomares de amêndoas e nozes. Nosso destino era a pequeníssima cidade de Rumsay, com 95 habitantes, onde ficava os campos de lavanda orgânica do Cache Creek. O lugar é bem pequeno, pelo menos a parte que nós visitamos. O Uriel insistiu na tese de que aquile sítio era uma ex-comuna hippie. O ambiente era todo zen. Os pequenos campos de lavanda, uma casinha simpática, uma green house, um pomar de frutas salpicado com mesinhas e bancos para picnic. No dia do festival vendia-se perfumes, produtos de beleza e culinário feitos com lavanda. E por quatro patacas você podia colher o seu próprio bouquet. Também vendia-se um pacote com pão, queijo e morangos para picnicar e havia a opção de comprar a caixa de vinhos produzidos no Capay Valley. Nos compramos o ranguinho, nos servimos da limonada e dos brownies com lavanda que eram gentileza da casa e nos sentamos numa mesa decorada com vaso de flores embaixo de uma macieira. Coloquei atenção especial nos detalhes zen que enfeitavam o pomar e nos ramos de lavanda secando na beira do riacho. Enquanto comíamos nosso lanchinho, escutamos a banda que tocava, uma mistura de new age com ritmos indianos. O rapaz que tocava a cítara parecia importado da India. E assim passamos umas horas muito agradáveis do sábado, visitando um perfumado campo de lavandas.

Murphys – Calaveras county

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Fazia um tempão que estávamos querendo visitar uma cidadezinha do tempo da corrida do ouro no pé da serra chamada Murphys. Esperamos o inverno terminar, pois tempo de chuva aqui, significa neve por lá e queríamos aproveitar a visita, caminhar, visitar as vinícolas. A primavera foi uma ótima escolha. Aproveitamos o feriado do Memorial Day e zarpamos. O lugar é muito charmoso, como todas as cidades da corrida do ouro, com a rua histórica, os bares, restaurantes, hotel antigo, lojinhas de antiguidades e modernidades e as vinícolas. Comemos em três restaurantes diferentes e achei tudo normal, nada excepcional. Já os vinhos que bebi, da região de Calaveras, foram todos ótimos. Posso dizer que gostei muito de tudo o que bebi e até trouxe uma garrafa de uma variedade que não conhecia—pinotage, uma mistura das uvas pinot noir e cinsaut. Murphys está localizada na parte central da Sierra Nevada, entre Lake Tahoe e o Yosemite National Park. Uma região linda com florestas, muitos rios e lagos. Subimos até o topo da montanha para ver o lago Alpine, que ainda estava congelado. Valeu a pena a viagem na estradinha cheia de curvas ladeada por pinheiros. E no dia seguinte fomos conhecer as Big Trees no Vale dos Ursos, que foi uma experiência fascinante. No caminho entre o parque das árvores e Murphys paramos numa casinha que vendia produtos feitos com maçã. Adoramos tanto, que paramos de novo na volta. Compramos cidra, geléias, tortinhas e donuts, tudo feito ali na hora pela família. Adoro fazer esses passeios bucólicos por essas cidadezinhas californianas, olhar lojinhas de antiguidades, beber vinho, descobrir lindezas da natureza, ziguezaguear por estradinhas e passar horas olhando para paisagens singelas. Mas o mais gostoso é poder fazer tudo isso com a melhor, a mais querida e a mais divertida das companhias—vocês sabem quem!

bolo de vin santo & uvas

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Arrumando minhas revistas por meses, pra ficar mais fácil achar receitas com os ingredientes da época, abri uma Gourmet de janeiro de 2009 e pumba—lá estava a receita que passou na frente de todas as outras, na fila infinita das que quero fazer. A dica era para, se necessário, substituir o Vin Santo por Marsala, Porto ou qualquer outro vinho bem doce. Mas eu fui atrás do original e achei, portanto fiz a receita sem substituições.

Essa foi também uma boa oportunidade de usar umas uvas deliciosas que eu tinha congeladas desde o outono passado. Não consegui parar de comprar as tais e acabei tendo que congelar, pra que não estragassem. Quis saber que tipo de uva era aquela, mas o mocinho da fazenda me disse que as videiras estavam lá, ninguém sabia quem plantou, nem de que variedade eram, mas como estava abundante eles estavam vendendo e eu comprando como louca. Fiquei um pouco preocupada em substituir as uvas frescas pelas congeladas, mas deu tudo certo. Não soltou água, não deixou o bolo encharcado, ficou perfeito. E o aroma desse bolo, como está descrito na receita original, é realmente intoxicante. Vou refazer essa receita, não só porque ela agradou gregos e troianos, mas também porque ainda tenho muitas uvas congeladas e mais da metade da garrafa do Vin Santo.

bolos individuais de vin santo & uvas
faz 6 unidades
1 1/2 xícaras mais 1 colher de sopa de farinha de trigo
1 1/2 colher de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/4 colher de chá de sal
1 tablete [113 gr] de manteiga sem sal amolecida
2/3 xícara mais 2 colheres de sopa de açúcar
2 ovos grandes
1 colher de sopa de raspas da casca de uma laranja
2/3 xícara de Vin Santo [ou Marsala, Porto ou outro vinho doce]
1 1/4 xícara [200gr] de uvas sem sementes cortadas ao meio [*não cortei]

Pé-aqueça o forno em 375°F / 200ºC com a grade no meio. Unte formas de muffin gigantes [jumbo/Texas muffin] com manteiga e polvilhe com farinha de trigo. Numa vasilha misture 1 1/2 xícara de farinha de trigo, fermento, bicarbonato e sal com um batedor de arame.

Na batedeira, bata a manteiga com 2/3 xícara de açúcar em velocidade média, até ficar uma mistura leve e fofa. Adicione os ovos, um por vez batendo bem. Junte as raspas de laranja. Adicione a mistura de farinha alternadamente com o vinho, começando e terminando com a farinha. Misture até a massa ficar bem incorporada.

Misture as uvas com o restante da farinha e junte à massa. Divida a massa entre as formas de muffin. Polvilhe com o restante do açúcar e asse por uns 20 minutos ou até os bolos ficarem bem firmes. Remova do forno, deixe esfriar por 5 minutos e com ajuda de uma faca levante os bolos e remova das formas. Deixe esfriar completamente e sirva.

*Pode usar formas de muffin comuns [fazendo 12 bolos, ao invés de 6] e diminuindo por uns minutos o tempo de forno.

Quivira [zinfandel]

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Pra mim escolher vinho nesta terra ultra produtiva é praticamente uma sessão de tortura. Fico desesperada, atrapalhada, cheia de dúvidas. Vou separando as variedades de uvas que gosto e em primeiro lugar está a zinfandel. Já é o primeiro passo. Mas tenho tentado experimentar outras uvas, alargar os horizontes. Também escolho pelo preço—nem muito barato, nem muito caro. Um vinho de $20 vai te garantir uma boa experiência, talvez até uma mais do que boa. Também me seduzo pelo rótulo, pelo design e criatividade. Meu entendimento de vinhos para ai, com o detalhe que minha opinião geralmente oscila entre GOSTEI e NÃO GOSTEI. Mais que isso é pedir muito, para alguém que não entende nada do assunto. Gosto de beber um bom vinho e aprecio muito as novidades. Quando a loja oferece ajuda, dando dicas sobre o que você está comprando, me sinto muito mais segura para escolher. No dia que comprei esse vinho, fiquei muito tempo lendo a ficha de cada um. Esse, produzido pela vinícola Quivira localizada na belissima região de Healdsburg no condado de Sonoma, me conquistou pelo uso das técnicas biodinâmicas nos vinhedos. E o vinho delicioso passou pelo meu rigoroso critério de avaliação e ganhou o selo de aprovação com a nota GOSTEI. Acho que para este vinho eu deveria acrescentar uma subcategoria, para uma nota GOSTEI MUITO. Bebi sozinha, um pouquinho por dia, até a última gota.

Ca’ Secco

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Os italianos da vinícola Ca’ Momi não estão mais em Veneza, na Itália, mas têm a técnica, têm os recursos, têm a qualidade, por que não fazer um frizzante local? O primeiro vinho espumante estilo prosecco produzido na California—Ca’Secco.
Delicioso, refrescante, feito no Napa Valley com uma mistura das uvas Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling, Gewürztraminer e Muscat. E tem o preço dos vinhos daqui, em torno de 15 patacas americanas por uma garrafa.
E o Ca’Secco frizzante ainda vem numa garrafa linda, com um rótulo colorido e alegre, que convida para um brinde.