Mount Diablo

Faz um tempo que pegamos o hábito de fazer trilhas. São tantas delas aqui na Califórnia, nas montanhas, nos vales, com neve, áridas, próximas ao oceano, com pinheiros, com eucaliptos, com suculentas, samambaias, retas, íngremes, com riacho ou rio ladeando. Tem umas trilhas muito boas aqui por perto, mas elas não são apropriadas para os meses mais quentes, pois são muito abertas e áridas, além de serem classificadas como “difíceis”. Fizemos essas locais muitas vezes durante o outono e inverno e agora estamos nos aventurando para outras mais distantes. Viajamos uma hora e pouco e exploramos outros rincões. Eu preparo um farnel, saímos cedinho, subimos e descemos montanhas, olhamos as paisagens e a flora e fauna, e no final fazemos um picnic. É viciante!

Essa trilha em Mount Diablo me quebrou. A subida é considerada difícil e fiquei uns dois dias com a bunda e as pernas doendo.

picnic in Point Reyes, CA

picnic in Point Reyes picnic in Point Reyes
picnic in Point Reyes picnic in Point Reyes
picnic in Point Reyes picnic in Point Reyes
picnic in Point Reyes picnic in Point Reyes
picnic in Point Reyes picnic in Point Reyes

Nasci caipira e sempre morei na roça, portanto chegar perto do mar é uma das coisas mais preciosas pra mim e preciso fazer isso de vez em quanto. Sorte a minha que moro num estado com uma costa belíssima e há inúmeras possibilidades de molhar meus pés no oceano Pacífico. Neste dia decidimos ir para Point Reyes, um ponto extremo com um farol e praias lindas, que fica a mais ou menos duas horas de carro de onde eu moro. Fizemos um picnic na praia, que pra mim é a epítome da diversão sem fazer absolutamente nada. Só comer, conversar, ouvir o mar, depois caminhar, fugir das ondas, ou entrar na água—que eu nunca faço, nunca fiz, pois o meu Pacífico é lindo, mas é muito gelado. Para a cesta de picnic preparei esses sanduíches com queijo de cabra no lugar do iogurte, levei um gazpacho com cubos de gelo na garrafa térmica, muitas frutas, queijos, soda de limão e água. A sobremesa foi essa torta de ricota, servida com morangos e mel. A areia da praia estava coberta por escamas brancas e jelly fish azuis. O dia não estava nem quente, nem frio. Na volta paramos em Point Reyes Station. Foi um passeio muito bom.

uma salada portátil

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A salad in a jar—não é uma ideia nova, mas é uma boa ideia, que vi na revista Whole Living da Martha Stewart da qual sou assinante na versão para ipad. Fiz essa minha primeira interpretação da salada portátil usando apenas cenouras amarelas cortadas em palitos. No fundo do vidro coloquei sal, pimenta do reino moída na hora, azeite de oliva extra-virgem, suco de limão, buttermilk e alecrim fresco picadinho. Na hora de comer é só abrir o vidro e ir molhando os palitinhos de cenoura no molho e crockn’nhock! Bom pra trazer na marmita pro trabalho ou pra levar em picnics e tals.

my new lunch spot

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Desde que me mudei para Woodland e que acabou a mamata de ir almoçar em casa, tenho feito picnics diários numa área com árvores e bancos que fica bem atrás do meu prédio. Não pensei muito sobre esse evento, apenas trago meus ranguinhos brejeiros embalados em potes com tampas, as saladas com o molho no fundo para ser misturada apenas na hora de comer, sopas frias [enquanto está calor], frutas frescas, coisinhas simples que não precise de muita firula pra comer. Uso meus talheres de bambu, guardanapos de pano para forrar o colo e evitar acidentes na roupa. Raramente trago bebidas, pois não acho necessário. Carrego tudo numa sacola colorida, sento no banco, me divirto com as aparições dos esquilos pidões. Mas outro dia comecei a ficar deveras incomodada quando percebi que aquela área com bancos vive cheia de fumantes, que nem sempre são delicados e gentis jogando os cigarros na lixeira própria para tal. Quando comecei a ver que estava dividindo o meu almoço com brumas de fumacê de alguém pitando no outro banco, resolvi olhar pro outro lado da rua. E vi esse lugarzinho. Com um banco com encosto, lixeira bem do lado, uma árvore gigante fazendo sombra, bem em frente de um pessegueiro onde os esquilos fazem a festa devorando as frutinhas—e não vêm me incomodar pedindo comida. Sem falar na vista que tenho de uma das ruas principais do campus, que me proporciona um almoço cheio de movimento. Felizmente ainda não tive que dividir esse espacinho com ninguém, porque durante o verão o campus fica bem vazio. Na próxima semana começa o ano letivo e vai quadriplicar o número de estudantes circulando pela universidade. Espero que ninguém cobice esse espacinho, porque dá licença, ele é só meu!

picnic em Bodega Bay

Eu adoro fazer picnics. E se o picnic for na praia fico tri animada, porque pra mim não tem nada mais delicioso que comer sentada sobre uma toalha esticada na areia fofinha olhando para o mar e ouvindo o barulhinho das ondas. Sou caipira do interior, então pra mim qualquer excursãozinha para o litoral é um verdadeiro treat. O único porém é que aqui no norte da Califórnia as praias são muito frias. Mesmo durante o verão, a quantidade de banhistas dando mergulhos de sereia [ou de baleia] na água é bem pequeno. Já fiz alguns picnics de verão na praia e num deles não conseguíamos nem comer os sanduiches de tanto que ventava gelado e revoava areia.

Desta vez decidimos almoçar numa praia em Bodega Bay. Para os cineaficionados essa cidade remete à cenas memoráveis de um dos filmes mais famosos do A. Hitchcock—que foi todo filmado lá e na cidade vizinha de Bodega. Eu adoro Bodega Bay, não só porque me sinto num cenário cinematográfico, mas também porque adoro a beleza natural da costa de penhascos, com um mar super azul, praias cheias de pedras e encostas íngremes.

Bodega
Bodega Bodega
Bodega Bodega

Obviamente que no feriado do 4 de julho, muitos outros amantes dos picnics tiveram a mesma idéia que a nossa e tivemos que dirigir bastante para achar uma área em que pudéssemos estacionar e descer até a praia com relativa facilidade. Preparei uma cesta de picnic bem leve, porque sabia que em Bodega Bay iriamos ter que descer pelos barrancos. Tivemos sorte de aportar uma pequena baia tão fechada que nem o vento lá chegava. Eu consegui ficar só de camiseta e esticamos nossas toalhas numa parte mais alta, protegida por um tronco de árvore e rodeada de pedras.

Levei sanduíche feito com liguiça italiana grelhada e acomodada num filão de pão ciabatta untado com pasta umami. Também levei uma salada de alface romana com azeitonas, temperada com suco de limão e azeite de laranja. E muitas frutas frescas de verão, queijo, marmelada, bolachinhas e mini tortinhas de frutas e de noz pecã. Pra beber levei chá gelado de limão e gengibre na garrafa térmica, uma garrafinha de vinho branco e água.

Também levei pratos e talheres de bambu, guardanapos de pano e copos de vidro. E um saco para colocar o lixo que voltou comigo. Aproveitamos a praia, mas não deixamos nada pra trás. O dia estava absolutamente lindo, ostentando um céu azulzissimo e fazendo um calorzinho muito agradável. Aproveitamos!

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Bodega Bodega

hair [musical & picnic]

Hair & picnic
Hair & picnic
Hair & picnic Hair & picnic
Hair & picnic

Quando eu e a minha prima-amiga-irmã Heloisa assistimos ao filme Hair num cinema em Campinas no inicio da década de 80, ficamos boladas. Choramos muito no final quando o personagem herói Berger, é enviado por engano no lugar do panacão Bukowski para morrer no Vietnã e todos os amigos cantam juntos Let The Sun Shine. Na época ganhei uma gatinha, que batizei de Sheila, a ricaça que vira hiponga no final da história. Comprei a trilha sonora em bolacha de vinil. Hair foi um filme que me marcou, no auge da minha adolescência, hormônios borbulhantes, cheia de idealismos, alma hiponga despontando no horizonte.

Mas apesar de ter adorado o filme, nunca tinha tido a oportunidade de ver o musical, que deu origem a tudo. Trinta anos depois […] Vejo o cartaz da produção de Hair no campus da universidade, feita pelo mesmo grupo que apresentou MacBeth em novembro passado. A peça seria encenada ao ar livre, numa área enorme de gramados e árvores no arboretum da UC Davis.

Choveu até dizer chega no domingo, que seria o último dia de apresentação de Hair e ficamos numa sinuca, não sabendo o que fazer. Eu queria muito ir e teria que ser naquele dia ou no more. O Gabriel mandou mensagens pro diretor do grupo, que é amigo dele e o cara confirmou: vai ter apresentação, com chuva ou sem chuva.

Preparei correndo os apetrechos—cadeira dobrável daquelas que se carrega convenientemente com uma alça no ombro, roupa quentinha, manta, guarda-chuva e uma cesta de picnic. Tenho um monte de cestas para esses eventos e garrafas térmicas, pratos, utensílios, toalhas macias pra estender no chão. Picnics são um dos meus eventos favoritos, embora não tenha feito um em algum tempo. Picnic noturno, numa área verde linda, vendo um musical como Hair, não tinha como me deixar mais entusiasmada. Preparei uma garrafa térmica gigante cheia com chá de gengibre e limão*, um queijo gruyere pra cortar, um pão, umas bolachas salgadas, um queijo de cabra temperado com ceboulettes, chocolate em barra, morangos frescos e um bolo ultra rápido de liquidificador.

Chegamos com o guarda-chuvão aberto, nos ajeitamos na seção para cadeiras da platéia e logo parou de chover. Fizemos nosso picnic e quando a peça começou já estávamos alimentados e confortavelmente aquecidos pelo delicioso chá. Não choveu mais pelo resto da noite.

A apresentação de Hair durou mais de duas horas, com um pequeno intervalo, quando todos correram para usar o banheiro. Eu adorei e curti cada minuto, cada música, lembrei das letras, cantei baixinho junto, dei risada e fiquei com lágrimas nos olhos durante muitos dos números e, como na primeira vez que vi o filme, chorei quando o rapaz morre no Vietnã. Quando a apresentação terminou, meus dentes batiam de tanto frio. Mesmo super agasalhados e bebendo chá, não é bolinho ficar sentado por mais de duas horas no relento numa noite fria de primavera californiana. Fomos pra casa descongelando com o aquecedor no carro e desde então estou com uma das músicas da peça dando loop na minha jukebox mental—manchester england england across the atlantic sea and i’m a genius genius i believe in god and i believe that god believes in claude that’s me that’s me!

*chá de limão e gengibre
Corte um limão em cubinhos e coloque num bule ou garrafa térmica. Rale um pedaço de gengibre—como eu compro gengibre orgânico, não descasco—e coloque junto com o limão. Jogue bastante água fervendo sobre os pedaços de limão e gengibre. Deixe descansar por uns 5 minutos. Sirva. Nós bebemos sem açúcar. Mas quem quiser, fique à vontade para adoçar.

»no final da peça encontramos com o Gabriel, que estava indo na festa de encerramento daquela curta temporada de Hair. e guess what? ele faturou a kombi cor de rosa decorada com flores que fez parte do cenário da peça. a kombi está na garagem dele e logo aparecerá em edição especial por aqui.

»não levei minha câmera, por causa da chuva e também porque sei que às vezes não se pode fotografar em espetáculos. tirei essas fotos com o celular e levei uma carcada logo depois que fiz a última foto. eu não sabia, mas os atores estavam tirando a roupa atrás da bandeira americana. perdi, por alguns segundos, de fazer uma foto mais explícita.

tudo pronto pra mais um picnic!

No ano passado fui à apenas um [ou talvez dois] picnic, porque não tive muitos ânimos de arrumar rango e cesta e sair de casa depois do trabalho num dia de semana. Culpa da minha doencinha, que roubou toda a minha energia por quase um ano. Mas agora que estou recobrando meu pique, reanimei para fazer picnics!

Chegamos um pouco tarde ao parque, já eram 7pm, mas mesmo assim deu pra aproveitar bastante. O bom é ficar batendo papo na grama do parque no escuro, quando a banda e o farmers market já encerraram as atividades e a maioria das pessoas já se dispersou.
Fiz rapidinho um rango com fatias fininhas de salmão selvagem defumado, crackers de aveia, queijo de cabra temperado com ervinhas do quintal [chives, tomilho e orégano], pimenta branca e um fio de azeite. Bebemos vinho verde espanhol.

salada de lentilha verde com cenoura e batata-doce

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Recomeçamos nossos picnics das quartas-feiras no Farmers Market. Até o final do verão teremos o parque disponível, com música ao vivo e toda a animação que essa atividade traz. Eu adoro fazer picnics. Tenho uma variedade de equipamento, com cestas bacanas, toalhas e mil e um utensílios. Gosto de planejar e por em prática um mini-menu, que geralmente envolve uma salada, um pão, vinho e água. Para esse picnic inaugural, levei uma salada de lentilha verde de Puy com cenoura e batata-doce—yam, a batata-doce cor de laranja. Cozinhei a lentilha no dia anterior, escorri e reservei. Uma hora antes do picnic cozinhei as cenouras e as batata-doces cortadas em cubinhos no vapor. Deixei esfriar e misturei à lentilha. Temperei com orégano fresco picado, que está abundante na minha horta, vinagre de figo, que trouxe de Portugal, flor de sal com oréganos, que ganhei da Carlota, e bastante, bastante azeite extra-virgem. Levei um vinho branco da Rosenblum que não gostei muito. É o primeiro vinho dessa vinícola que me desagrada. Mas isso não interferiu na minha animação, nem na do pessoal, que comeu, bebeu e conversou muito. Ficamos na grama do parque até às 9 da noite e voltamos para casa no escuro.

o vinho estava bem gelado

Com o calor de 37ºC 38ºC que fez ontem, achei que poucos se arriscariam ir a um picnic. Engano meu. A vida corre normal. Na hora hora do almoço fiz correndinho a receita de panzanella italiana. Quando cheguei em casa às cinco da tarde arrumei as cestas cuidadosamente, as toalhas, a gear toda, mais água e vinho gelado, que coloquei estratégicamente num saco plástico cheio de gelo. Não tem nada pior que beber coisa sem gelo num dia quente. Fui para o parque de bicicleta, com o vinho e àgua no gelo, mais toalhas nas cestinhas, a cesta de palha enganchada no guidão. Quando eu chego e estendo as toalhonas na grama, as pessoas à minha volta olham como que pensando—mas que nega espalhada! Mas logo vão chegando os amigos e o espaço é todo tomado por bundas e pernas. Muita gente apareceu, com comida, frutas frescas e vinho e ficamos no parque até nove e meia da noite, quando a brisa fresquinha já estava soprando. O parque não estava lotado, mas estava bem cheio. Tem cabimento perder um precioso dia de picnic só porque está um bafão?

não tem nada melhor!

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Um picnic no parque—se eu que sou adulta adoro, imagina o efeito de comer sobre uma toalha na grama pra uma criança. Eles adoraram. O menu foi simplérrimo, sanduba de queijo, presunto e tapenade, morangos frescos, queijo, figos secos no balsâmico e damascos secos com queijo, amêndoas torradas, suco de laranja pras crianças e vinho branco pra nós. Ficamos no parque até não aguentarmos mais de frio, depois fomos beber chá e café no Ciocolat.