the zero-waste festival

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Kombis coloridas, ônibus psicodélicos, centenas de cabeleiras rastafaris e camisetas tie dye do Grateful Dead vão invadir a cidade neste final de semana para o Whole Earth Festival, que acontece no campus da UC Davis. Todo ano quando chega a maio, o dia das mães e consequentemente o festival, eu me lembro de uma bofete que falou do alto da sua empáfia que não ia, nem levava a família nessa festa porque ela era cheia de gente que fumava ma-co-nhaa! Ha Ha Ha! Minha Santa Perequeta, nos salve desses boçais! Apesar de não ser uma, eu tenho uma alma hiponga e curto esse festival, que começou em 1969, cresceu e desenvolveu com muitas propostas bacanas. Uma delas é o zero-waste. Uma festa com milhares de pessoas que produz pouquissimo lixo é possível e foi comprovado. Tudo é reciclável e reciclado. Para as barracas de comida—que são cem por cento vegetarianas, não há quase lixo, pois os comensais “alugam” os pratos, copos e talheres, e recebem o dinheiro de volta no retorno. Tudo é lavado e esterilizado numa lavadora industrial. Além da comida veggie simplesmente deliciosa, o festival tem mil outras coisas bacanas—música ao vivo, palestras, filmes, dança, workshops esotéricos, artesanato bonito. Movida a energia solar, a festa demanda uma penca de voluntários, que trabalham os três dias e recebem o charmoso título de Karma Patrol. Eu vou estar lá, provávelmente dançando no show principal de sexta à noite e encaroçando alegremente na tarde de sábado. Eu adoro essa festa e vou todo ano, desejando sempre que a alegria contagiante inunde as almas dos caretas!

Plastic or Paper?

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Na maioria dos supermercados você ouve essa pergunta na hora de empacotar as compras – plastic or paper? Menos no Co-op e no Trader Joe’s, onde só tem sacola de papel. Detesto o Safeway, onde os empacotadores só faltam bufar quando você responde papel, e que ainda não tem alça, talvez para desestimular a escolha. Eu normalmente peço papel, porque é mais fácil de reciclar e uso as eventuais sacolas de plástico, que nos são empurradas goela abaixo em outros locais, pra colocar os cocozitos e mijitos empedrados dos gatos. Mas se eu morasse em San Francisco, estaria prestes a ficar livre das sacolas de plástico para sempre—vejam só: San Francisco to ban plastic grocery bags. Iurru!
Quando eu vou ao Farmers Market, levo sempre uma sacola de pano ou uma cesta. Estou querendo expandir essa técnica para os supermercados e adquirir umas quatro ou cinco sacolas de brim, que se acha pra vender nos bons locais naturebas ou se pode improvisar usando aquelas tote bags que se ganha quando renova revista, e abolir também a sacola de papel. Mamã natureza agradece!

três coisinhas boas

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Uma coisinha boa é um chazinho de gengibre: põe água numa panela, joga muitos pedacinhos de gengibre ralado bem fininho, uns cravos da índia e o suco de um limão. Ferve por uns minutos, coa na xícara, adoça com mel e glup, glup, glup, hmmmmmm….
Outra coisinha boa é o sal de limão, feito com a casca do limão que foi usado no chá. Raspa ele todinho com o raspador/ralador, mistura as raspas no pilão [óia tô usando!] com sal marinho e põe numa vasilha pra secar. Secando, coloque num container com tampa e use como quiser.
A última coisinha boa é essa pimentinha perdida, que eu achei no fundo da minha cesta orgânica. Tirei foto dela, porque agora só vou ver outra assim no meio do verão.

vai começar o ano!

Estava lendo o delicioso post da Valentina, sobre o seu linguine com butternut squash e parmesão, e não pude deixar de pensar que simplicidade é TUDO! Tenho refletido muito sobre isso nesses dias, porque tenho cozinhado pouquíssimo, tenho tentado gastar os ingredientes que estão na geladeira e me preparar para a volta da minha cesta orgânica, que esteve de férias por três semanas. Na hora do almoço recebi o e-mail da fazenda, listando os produtos que vão chegar e fiquei felicíssima com o conteúdo da cesta que ainda não peguei. Vai ser uma alegria lavar e guardar todas esses legumes e verduras saudáveis e frescos e depois planejar o que fazer com eles. Pensando nisso, e olhando a foto do linguine da Valentina tão lindo, majestoso e apetitoso em toda a sua simplicidade, cheguei a conclusão que gosto muito dessa maneira de cozinhar, que não envolve grandes peripécias, nem ingredientes carésimos e raros, mas que é a melhor comida do mundo, porque é fresca, foi feita e vai ser degustada num breve período de tempo, não causou alvoroço, mas deu muito prazer e ainda contribuiu para a nutrição caprichada do nosso corpão! Hoje vai ser uma noite especial, com um jantar especial, feito com amor – como foram colhidos e empacotados os produtos pelo Raoul, Rachel, Dori, Catherine e o Scott – e com simplicidade. Batatas, cenouras, limões, alho, cebola, brócolis, repolho, couve, beterrabas, rabanetes negros, nabos e abóboras – olá! iuuuurúú!!

Outono ou inverno?

Muita gente diz brincando que Davis tem duas estações—verão e inverno. A primavera até que é longuinha, mas o outono, não sei, passa voando. Um dia estamos com uma jaqueta leve, um xale ou uma echarpe esvoaçante e de repente – pumba – já estamos embrulhados em mil camadas, casacos, luvas, cachecol, touca. Hoje vesti uma touca de lã voltando do almoço, pois estava duro de bicicletar no chuvisco gelado. O cara que cantou que iria pra Califórnia viver a vida sobre as ondas certamente rumou para o sul e não aqui para o norte, onde não dá pra pegar praia nem no verão e o inverno é chuvoso e cheio de nevoeiros. Mas temos San Francisco, Napa Valley e Lake Tahoe pra compensar!

Todo ano eu demoro mesmo é pra acostumar com a noite chegando às 4:30 da tarde, como hoje. Vou buscar a minha cesta orgânica à noite! É demais. Parece que já é muito tarde e dá um desânimo ter que lavar aquele monte de verduras—porque com o frio chegam as folhas verdes—swiss chard, espinafre, alface lisa e crespa, rúcula, red russian kale, bok choy, acelga, repolhos, collards, chicória. E aí é um tal de lava, lava, lava, lava, lava, lava….

as últimas abobrinhas do ano

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Comprei diferentes variedades de abobrinhas no Farmers Market. O primeiro sinal de que a temporada de algum produto está no final, é quando ele some da cesta orgânica semanal. Já aconteceu com as abobrinhas, então resolvi comprar no mercado para um farewell. Para fazer essa salada me baseei numa receita de courgettes à francesa do livro Is There a Nutmeg in the House? da Elizabeth David.
Corte as abobrinhas e cozinhe no vapor.
Não cozinhe muito, pois elas precisam ficar crocantes e não molengas.
Coloque num prato, deixe esfriar.
Prepare o molho com:
1/2 xícara de iogurte grego
Suco de 1 limão verde
Sal e pimenta do reino a gosto
Ciboulettes [Chives] picadinha
Azeite extra-virgem a gosto – usei um orgânico produzido aqui na Califórnia e vendido pelo Trader Joe’s que é uma coisa impressionante, cheiroso e com uma cor esverdeada que eu nunca vi num azeite antes.
Misture bem com o batedor de arame e sirva sobre as abobrinhas.
Usei esse molho com pepinos e também ficou ótimo.

O menu sazonal

Muita gente deve achar um tédio comer apenas os produtos de temporada. Eu não acho. Muito pelo contrário, pois descobri que comendo verduras, legumes e frutas da temporada você ganha em sabor. Não tem como comparar uma fruta ou um legume colhido naquela manhã, ou naquela semana, ali numa fazenda na sua região, trazida madurinha e fresquinha pra feira, sem precisar percorrer zilhometros de trem, avião, caminhão, tudo sob refrigeração. Um tomate de época—delicioso! Um tomate fora de época, colhido verde num outro lugar do mundo e refrigerado para aguentar o longo caminho até as gôndolas do supermercado—gosto de nada!

Sabemos que as fruitas frescas são uma tradição do nosso Natal brasileiro e que nessa época sempre achamos cerejas vindas do Chile para completar o nosso lindo arranjo natalino. Eu demorei pra me acostumar a um Natal sem pêssegos, abacaxis, nectarinas, cerejas, mangas—o que mais? Meu primeiro Natal no Canadá foi traumatico. Mas acostuma-se, adapta-se, tudo tem seu lado bom. No primeiro Natal do meu irmão aqui nos EUA, fomos a Los Angeles para festejar com ele e sua família. No arranjo da mesa da ceia havia uma linda bandeja com frutas—uma delas, cerejas. Estamos na Califórnia, alright, mas isso ñao quer dizer que vamos encontrar cerejas fresquinhas year-round. No verão as cerejas são abundantes, carnudas, suculentas, dulcíssimas! No inverno, elas vem também lá do Chile, como as das mesas brasileiras, só que aqui elas chegam com gosto de NADA, além de custarem uma fortuna. As cerejas do Natal na casa do meu irmão foram uma decepção….

Fiz a mesma burrice quando uma vez fui atacada por um sentimento de nostalgia e comprei damascos, vindos de sei lá onde, em pleno inverno. Nossa senhora, não tinha nem comparação com o sabor dos nossos damascos californianos, as frutinhas douradas que iluminam o nosso verão!

Então hoje me abstenho de consumir produtos fora de estação—fico com o que vem na minha cesta orgânica—que é totalmente sazonal, e o que vejo pelo Farmers Market. Eu aproveito a frescura e o sabor dos alimentos e ainda contribuo para uma agricultura local sustentável, apoiando e consumindo dos produtores da minha região. Portanto, se quer meu conselho, não invente moda e não insista em querer fazer aquela receita de torta de tomate nesta época do ano, pois agora a Inês já é morta!. Tomates bons, só no próximo verão!

Aproveitando dois produtos de outono – butternut squash e sweet potato [abóbora e batata-doce], fiz uma sopa improvisada que ficou surpreendentemente deliciosa.

Sopa cremosa de abóbora e batata-doce
Cortei meia abóbora em cubinhos. Usei três batatas-doces pequenas, que já estava cozidas, mas podem ser usadas cruas também, cortadas em cubinhos. Refoguei no azeite meia cebola picadinha e um dente de alho. Acrescentei a abóbora e a batata. Refoguei mais uns minutos. Joguei um litro de caldo de galinha e uma xícara de vinho branco. Sal e pimenta moída a gosto. Deixei cozinhar por uma meia hora. Triturei tudo com o processador manual – pode ser no liquidificador também. Acrescentei meia xícara de crème fraîche—pode substituir por creme de leite—bati bem com o batedor manual. Desliguei o fogo e antes de servir acrescentei bastante salsinha fresca picada e láminas de amêndoas torradas.

waste no more!

New Technology Turns Food Leftovers Into Electricity, Vehicle Fuels
Restos de comida doados por alguns restaurantes localizados na Bay Area – região de San Francisco – serão transformados em energia limpa e renovável através do Projeto Biogás Energia, desenvolvido por uma colega do meu marido no departamento de Engenharia Agrícola daqui da Universidade da Califórnia. Cascas de laranja e batata produzindo eletricidade. Esse tipo de pesquisa joga literalmente uma luz no panorama tenebroso que eu visualizo para o futuro da humanidade.

jujube – the chinese date

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De vez em quando elas vem como treat na cesta orgânica. Sinceramente, não sei o que fazer com elas. Li que elas podem ser cozidas no açúcar, fazer uma espécie de doce em calda. Ou virar xarope. Ou até vinho. Mas eu acabo comendo elas assim mesmo ao natural ou secas. Essas jujubes têm propriedades medicinais e o gosto se assemelha um pouco ao da maçã. Uma maçã bem chumbreguinha e quase sem gosto.

alguns dias são segundas-feiras

Fiquei tentando arranjar uma desculpa para todo o desastre do jantar – é que segunda-feira é um dia atrapalhado, viu, chego em casa e ainda tenho que pegar o carro e ir até a fazenda buscar a cesta orgânica, e depois tenho que separar tudo, lavar, guardar. já chego em casa super cansada, você sabe, não me sobra muito ânimo depois de um dia cheio. quando o Gabe morava aqui ele colocava as louças na máquina, deixava a pia limpa, tudo prontinho. e tirava o lixo. mas eu não entendo por que eu sou assim tão atrapalhada. Você quer que eu cozinhe? Foi a resposta em forma de pergunta que ele deu à minha lenga-lenga explicatória. Todos os meus desastres ainda são melhores do que ele tentando fritar um ovo. Ficamos do jeito que estamos, combinados então, e ele até tomou a sopa arriscando me dar um conselho – só não bebe o caldo, que o resto está comível.