over my dead body

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Acho que tenho uma mentalidade infantil para algumas coisas, pois achei super engraçado e tive que comprar essa almofada de rato morto para o Roux. Fiquei rindo que nem boba na loja. Trouxe pra casa toda entusiasmada com o feito, pensando que iria ser hilário ver o Roux aconchegado nela. Mas quem disse que o gato tem a mesma opinião que a minha? Ele simplesmente se recusou a sentar-se na almofada e tem ignorado completamente a presença do rato morto numa de suas cadeiras prediletas. Joguei até um pouco de catnip em cima do rato, que é o que eu faço quando compro um scratching post novo pra ele, mas mesmo assim nada! Estou desapontada, esse gatonildinho não tem senso de humor!

um dia de inverno

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Roux no melhor lugar da casa

Depois de dias de chuva gelada, abriu o sol, fez um dia azul de inverno que eu adoro. Frioooo, um ventooooo. Meu irmão, minha cunhada e minhas sobrinhas foram esquiar em Lake Tahoe. Eu fiquei pra organizar mil coisas na casa, ir ao correio, fazer umas compras [mais! afe!]. O Uriel está trabalhando, preparando o material pra classe que ele vai ensinar neste quarter de inverno, que começa dia três. Eu estou de folga do trabalho, iaruuu! Está sendo bom pra fazer coisas com minha família e também pra fazer outras coisas que normalmente não faço. Tenho cozinhado uma vez por dia. Hoje estou fazendo um minestrone. Ando usando muito o meu panelão de ferro que comprei em novembro, porque ele dá conta de quantidade para mais de seis pessoas. Essa é a primeira vez em anos que eu curto o break de final de ano. Já estou pensando no rango da virada do ano!

todo dia eles fazem tudo sempre igual

Meus dias se iniciam às seis e meia da manhã, que nem consigo dizer ‘manhã’, pois ainda está escuro. Vou para a cozinha com dois gatos pulando entre as minhas pernas. Ponho uma xícara com água no microondas pra fazer meu café com leite e um waffle na tostadeira. Vou até a laundry e pego os potinhos e a lata de rango felino. É um excitamento, uma coisa tão dramática que dá a impressão que os bichos ficaram uma semana sem ver comida. Eles correm pra laundry quando me vem caminhando pela cozinha com os potes e se arranjam no tapetinho, sempre na mesma posição: Roux pra direita, Misty pra esquerda. Volto pra cozinha, termino de preparar meu café, que é minguado, pois todos já sabem que não tenho apetite logo que acordo. Sento e bebo o café com leite enquanto leio e-mails, bloglines. Enquanto isso os mortos de fome devoram o rango, o Roux tudo de uma vez só, o Misty fazendo pausas de lord pra lavar as patas, como quem usa um guardanapo de linho. Eu ainda estou na cozinha lendo quando começa a função do banheiro. Todo dia é a mesma coisa e todo dia eu fico rindo alto, considerando o meu permanente mau humor matinal. Primeiro vai o Roux, que faz tudo escandalosamente. Esse gato não faz nada discretamente – come fazendo barulho, caga e mija fazendo barulho, até para andar pela casa ele faz barulho. No banheiro dá a impressão que ele vai virar a caixa de cabeça para baixo. Finalizado a aliviação geral da fome e dos intestinos, ficam os dois caminhando pela casa, como que procurando coisas pra fazer. Se encaram, o Roux dá pulinhos, tenta dar um bote no Misty, que sai correndo injuriado. Um tédio de vida…. Nessa altura já são sete e alguma coisa e eu subo pra tomar banho, me arrumar. Rotina de gato é divertida de se observar, mesmo com um humor azedo, às seis da madrugada.

esse rango sai ou não sai?

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Eu amo os animais. Passei isso pro meu filho, que tem uma compaixão incrível e um jeito com os bichos que é de cair o queixo. Ele e a Marianne também têm dois gatos, o Tim e o Sequel. Aqui em casa eu dou risada da hora em que acordo até a hora em que vou dormir por causa dos meus gatos, Misty e Roux. Bicho é o melhor desestressante que existe. Se você está de mau humor, preocupada, chateada, com aquela cara de bunda, eles te desarmam com um pulinho, uma cara engraçada, uma estrepolia qualquer. Aqui o gato que me tranforma numa perfeita boba é o Roux, que é super carinhoso e anda atrás de mim o tempo todo. Se eu estou por perto ele nem dorme, pois precisa estar presente e atento à todos os meus passos, embora ele finja muito bem que não está nem aí. Meus gatos não gostam de colo, nem de ser agarrados, mas têm cada qual as suas particularidades simpáticas de personalidade. Hoje o Roux sentou-se à mesa, como que esperando o rango, e ficou lá com essa cara caruda e me fez rir por mais de meia hora. Eu nunca vou precisar tomar Prozac na vida!

a cozinha também está dominada

Vocês já sabem que a cozinha sempre foi um lugar perigoso pra mim. Foi em cozinhas que ganhei minhas maiores cicatrizes, em terríveis cortes e queimaduras. Tenho sempre uma atitude prevenida quando estou fazendo comida ou qualquer outra coisa numa cozinha. Eu me vejo em situações gravíssimas, sangue jorrando, morte eminente. Vou tentar traçar o mapa do local minado: um tapete entre a cozinha e a sala de jantar, outro tapete largo em frente da pia e máquina de lavar louças, um forno e um fogão sempre ativos, uma geladeira com duas portas que se abrem opostas uma a outra, muitos armários com portas pontudas na altura da minha cabeça, e dois gatos. Se todo o resto não bastasse para provocar situações de acidentes mortais, ainda temos os gatos na cena. Eles são a cereja no topo do bolo do meu infortúnio destino.

E eles são onipresentes no local. Estão sempre deitados nas cadeiras onde você vai sentar, correndo pra lá e pra cá ou ou escarrapichados nos tapetes. Quando eu estou fazendo o rango e andando de um lado para o outro na cozinha, nada mais apropriado do que ter um gato gordão, sentado, deitado ou em pé feito uma estátua, bem no meio do seu caminho. Ou ter um gatinho maluco dando pinotes e corridas alucinadas pelo meio da cozinha, chispando como um furacão pelo meio das minhas pernas ou passando frenéticamente aos pulos enquanto joga um ratinho de pano pra lá e prá cá pelos ares e ocasionalmente dando botes nas minhas pernas e pés.

Este é o cenário realista e perturbador. Por isso não se assustem se eu contar histórias de como tropecei num gato com um facão numa das mãos e só deus sabe como consegui recuperar o equilíbrio sem me auto-degolar ou me auto-estripar. Ou de como tropecei no outro gato [ou seria o mesmo?] e quase caí de cara na sopa borbulhante na panela e periguei virar coadjuvante de um réplica caseira de uma cena de Angel Heart. Eu piso em ovos para não pisar em gatos e se for vitima de mais um freak acidente na cozinha, vocês já estão avisados, para não haver nenhuma sombra de dúvida sobre a identidade dos futuros supostos culpados!

plantinhas – até quando?

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Como eu tenho um gato comedor de plantas – o doidão Roux – tenho o maior cuidado com as plantas que coloco dentro de casa. Morro de medo que o tontão coma algo não comível e fique doente. Eu tinha uma plantinha na janela da cozinha, que foi presente da minha nora. Até que a planta durou, quando comecei a notar as folhas desaparecendo gradualmente. Foi então que peguei o gatonildo no flagra! Essas plantinhas aí, a de cor verde-cinzentado já está com um aspecto estranho. Será? Será?

Misty na janela

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Essa foto foi feita durante os nossos primeiros dias morando nesta casa. Quando mudamos pra cá, nós só tinhamos o Misty. A vida ainda era pacata para esse pobre gato, que hoje vive sendo perseguido pelo enlouquecido Roux. Bom, não tínhamos cortinas na cozinha, e as roseiras que hoje cobrem praticamente toda a parte de baixo das janelas – nos dando um bocado de privacidade, tinham sido podadas pelos jardineiros que cuidam da vila. Então essa bay window foi a televisão do Misty por alguns meses. Eu sempre enroladora, não sabia como iria cobrir essas janelas. Quando compramos a casa ficamos extremamente durangos por um bom tempo. Um dia, quando minha mãe estava aqui me visitando, ela me disse que uma amiga dela foi lhe contar – ah, passei pelo Aggie Village ontem à noitezinha e vi você, sua filha e seu genro jantando! Quando eu ouvi isso, falei – agora chega, vou pôr qualquer cortina nessas janelas. E assim fiz! Comprei três cortinas azuis, que estão até hoje penduradas ali. Agora chegou a hora de trocá-las. Muita coisa mudou, as roseiras cresceram, as cortinas desbotaram de sol, e o Misty perdeu o seu sossego e a sua televisão.