very halloweenish

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A cidade amanheceu envolta numa densa neblina. Só percebi quando olhei pela janela um minuto antes de sair de casa. Vesti uma touca de linha, tricotada por mim mesma há alguns anos. Pedalei pelas brumas me sentindo feliz—que dia perfeito para Halloween! As bicicletas com luzes acesas, as árvores sendo engolidas pela névoa cinza, um clima primoroso de outono.
Levei uma caixa de cookies de nozes para os meus colegas de trabalho, porque é tradição as pessoas levarem coisas gostosas durante essas comemorações. Hoje vou ver muita gente fantasiada no campus e pelas ruas da cidade. Estou pensando no que vou fazer para o jantar. Vai ter que ser algo bem prático, pois vou ficar ocupada abrindo porta e entregando doces. Também penso nos gatos, principalmente no Roux, que vai ficar excitado com os visitantes e com a porta aberta, possibilidade de aventura.
Não é todo mundo que acha bonito um dia nublado e neblinado. Mas eu gosto! Tem seu propósito. Meu colega concordou:—what a beautiful day!yes! very halloweenish!

já é quase halloween

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A grande abóbora já está na varanda avisando aos trick-or-treaters que nesta casa se oferecerá doces. Muita gente põe várias abóboras, eu acho um desperdício. A maioria faz jack-o-lanterns com as abóboras, removendo a polpa, cortando uma cara e colocando uma vela dentro. Eu acho legal, mas infelizmente não tenho as habilidades pra fazer isso sem destruir várias abóboras antes. Fico na simplicidade, onde a margem de erros é menor.

O ritual da noite do Halloween é um dos mais tradicionais aqui na América do Norte. E envolve toda a comunidade, é uma grande festança, que se inicia semanas antes em visitas à pumpkin patchs para se escolher as melhores abóboras para enfeitar a frente da casa e fazer os jack-o-lanterns. No dia do Halloween, onde quer que você vá, os lugares estão decorados e as pessoas estão fantasiadas: consultórios médicos, lojas, bancos. As casas que vão dar doces ficam todas enfeitadas. Essa é uma regra—se você não quiser dar doces, não enfeite a porta e não acenda a luz. Todo ano eu abro a minha caixa de apetrechos de Halloween, que não são muitos, mas eu enfeito a porta, pois adoro dar doces para as crianças.

Já comprei as balas. Outra regra: as crianças só devem aceitar doces industrializados, embalados. Nada de maçãs caramelizadas ou muffins. Nunca se sabe o monstro que pode estar atrás daquela fantasia de bruxa ou fantasma, entregando gostosuras feitas em casa. E uma regra particular: sempre compro doces que não me interessam, pois senão acabo comendo as sobras e isso é um no-no de Halloween pra mim.

Aqui as crianças fazem trick-or-treat pelas ruas, batendo de casa em casa. A função começa quando anoitece. Primeiro chegam os bem pequenininhos, sempre acompanhados dos pais, que ficam na calçada às vezes orientando—say thank you. Eles são a maior gracinha, muitos não sabem muito bem o que fazer e tem os olhos arregalados com a fartura de balas e pirulitos. Um pouco mais tarde chegam os mais velhos, que já têm mais malícia e nem sempre estão acompanhados dos pais. No cair da noite chegam os adolescentes e bem tarde chegam, às vezes, alguns adultos, nem sempre para pedir doces. A festa vai noite adentro, com festas pipocando por todo canto, nas fraternidades e sororidades também.

Nesta minha vizinhança não tem muitas crianças, então sempre sobra doces aqui em casa. Eu penduro um baldinho do lado de fora da porta, cheio de balas, mesmo assim fica um montão. Mas eu morei numa outra casa, numa vizinhança apinhada de crianças e a noite de Halloween lá era MUITO divertida. Às cinco da tarde já se ouvia a comoção dos grupinhos de crianças, todos fantasiados e carregando baldinhos ou sacolas. Naquela casa eu precisava comprar muita bala e muitas vezes a bala acabava e eu era obrigada a desligar a luz e não atender mais a porta, o que me chateava, mas fazer o quê?

Com a abóbora já na porta, as balas compradas, amanhã é só acender as velas e esperar pelos indefectíveis knock-knocks da noite das bruxas.

sou uma dinossaura

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Um bolinho de chocolate para celebrar sete anos de blogagens ininterruptas! Tudo começou , onde eu escrevia sobre tudo—filmes, comida, cotidiano e ainda faço, de maneira menos sistemática, mas sempre contínua. Sou do tempo que existiam no total uns dez blogs brazucas no pedaço e todo mundo se conhecia. Hoje a blogolândia é do tamanho do mundo e tem de tudo, todo tipo de gente, todo tipo de blog. Continuo firme, porque essa é a mídia com que eu mais me identifiquei e que preencheu todas as minhas necessidades, de escrever e de criar. Meus blogs já fazem parte do meu testamento, onde instruí que eles permaneçam online para sempre, porque neles tem muita vida e muita história. Sete anos escrevendo e fotografando, não é pra qualquer um!

ultra-mega-super improvisado

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Domingo foi Dia dos Pais e nós fizemos um almocinho em casa, sem muito planejamento, nem estresse. Eu comprei os ingredientes e o fillho fez um churrasco para o papai. Foi tudo super simples, porque eu realmente não ando no humor de ficar fazendo nada mais sofisticado que uma salada. E foi o que fiz, salada de beterraba assada, outra vez, e salada de abobrinha, outra vez. De sobremesa preparei um bolo escalafobético, do qual todo mundo riu, pois ficou realmente um horrorrore! Eu cortei um angel food cake e recheei com chantily feito em casa e adoçado com néctar de agave e morangos. O nosso convidado de quinze anos não quis comer o bolo, recusou-se educadamente, mas mandou bala nos sorvetes!

Almoçamos fora no domingo

Família desorganizada, acho que éramos os únicos sem reserva para um restaurante no domingo de dia das mães. Quase duas da tarde e já tínhamos tentado quase todos os bons restaurantes de Davis. Até um em Sacramento. Mas queríamos comer por aqui mesmo, de preferência em downtown, onde poderíamos ir a pé. O único restaurante que nos deu uma resposta positiva foi o Tucos Wine Market and Cafe, que fica em downtown, perto da estação de trem, numa casinha pequena e aconchegante. Já tinha recebido recomendações desse lugar, pela comida e pelo wine tasting. Eles têm um cardápio simples, com ingredientes locais, tudo feito do zero, sem firulas, mas com capricho. É o meu tipo de lugar. A carta de vinhos não é extensa, mas os poucos são exclusivos. Nós optamos pelo menu do dia das mães, que incluia uma sopa de cenoura, aspargos enrolados no prosciutto e queijo, com ovo pochê [que dispensei] e torradas, talharini feito em casa com molho branco camarão e ervilhas, e uma tortinha de cerejas com sorvete de baunilha. Eu ganhei uma deliciosa taça de prosecco, incluida no pacote das mães. Foi um almoço delicioso, feito sem pressa, num ambiente super acolhedor. Pros outros restaurantes que não tinham lugar pra nós—uma banana!
* O Gabriel jurou ter visto uma latinha de guaraná passeando numa bandeja pelo restaurante. Quando fomos apresentados à lista de bebidas sem álcool, uma surpresa: além do guaraná, oferecido como algo super chique, uma variedade de sucos de polpa de frutas—real natural rainforest fruit juices, straight from Brazil. Acerola, caju, cacau, graviola, goiaba, mamão, manga, maracujá, abacaxi e tamarindo, batidos com água ou leite, estilo vitamina.

um delicioso bolo [comprado]

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Comprei o bolo mousse de manga no Ciocolat, porque não está dando tempo de cozinhar nada especial—só estou fazendo o trivial. E também por causa do tombaço, não estou conseguindo fazer algumas coisas normais com o braço esquerdo. Mas o niver do Gabe foi muito bem comemorado, com salmão, batatas, cogumelos, favas verdes, salada de rúcula, tudo orgâââânico—minha irmã não deve estar aguentando ouvir tanto isso é orgânico, aquilo é orgânico, orgânico, orgânico, orgânico…

vinte e cinco puxões de orelha!

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Gabe com nove meses e sua mami descabelada

Já escrevi tanta coisa sobre os aniversários do meu filho.
Cada ano era uma coisa diferente: festa toda encomendada, bolo de chocolate despencado e derretido feito por mim, bolo em forma de cometa, churrasco no clube, pizza com os amigos, velinhas em cima do muffin, muitos aniversários sem bolo, muitas comemorações em restaurantes, bolo de chocolate de caixinha feito pela Marianne, muitos aniversários me esqueci o que fizemos, como comemoramos, afinal são vinte e cinco anos.
Lembro do ano 17, quando pela manhã eu tive essa idéia que achei sensacional. Saí do trabalho na hora do almoço e invés de ir almoçar, fui até o supermercado e comprei mil coisinhas, bolinho, vela em formato de Um e Sete, bexigas, serpentinas de papel crepe, confetes pra espalhar na mesa—fui pra casa e preparei uma festa surpresa diferente. Quando ele chegasse da escola, iria encontrar a mesa posta como se fosse uma festa, instruções escritas para fazer coisas, tudo paramentado. Passei a tarde rindo sozinha, pensando na cara de bocó dele, quando chegasse e visse a minha surpresa. Às seis da tarde corri embora, entrei em casa e ele estava vendo tevê. Abraços, beijos, feliz aniversário, tárará e a pergunta ansiosa de mãe, então, gostou da surpresa que eu fiz pra você? E ele com aquela cara blasé de dezessete anos:
—aanh, achei meio jeca tatu, mas gostei…

não vai passar em branco

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pros adultos..
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pras crianças..

Quando o Gabriel era pequeno, fazíamos alguns rituais de Páscoa, com as pegadas das patinhas do coelhinho feitas de giz, ovinhos e ovões escondidos. Hoje não vejo mais propósito, mas o consumismo me faz comprar algumas coisas nessa época. E como resistir à tanto apelo? Tento escolher o que acho comestível—ou seja, o que eu comeria. Isso incluí basicamente chocolate amargo, que é o que eu gosto. Pra alegria das minhas lombrigas consumistas, meus sobrinhos Fausto e Catarina estão chegando no final do mês, então aproveitei a oportunidade para afogar as saudades de comprar coisinhas pra crianças – coelhinhos, ovinhos e toda a parafernália acompanhante!

O Ano do Porco Dourado

Fomos até San Francisco para quebrar um pouco a nossa rotina. Nós adoramos visitar a The City, que é para mim uma das cidades mais encantadoras e charmosas do mundo. Como era o dia do Ano Novo Chinês, resolvemos dar uma passadinha em Chinatown. San Francisco tem o maior bairro chinês fora da Ásia. A segunda maior Chinatown do mundo fica em Vancouver, Canadá. Elas são muito semelhantes – borbulhante de gente, comércio e uma imundice desgraçada. Sinceramente, o que me desanima de visitar Chinatown é a nojera. É chocante, mas faz parte do show. Eu gosto de entrar nas lojinhas, de comprar cacarecos e de olhar as pessoas apressadas fazendo as suas comprinhas, toneladas de frutas, verduras, legumes, raizes, carnes, aves, peixes.

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O Ano do Porco [Dourado] tem tudo para ser um ano muito especial, com ênfase em atitudes de honestidade e bondade. Estamos muitíssimo precisados de um ano assim. Mas para a entrada do ano de 4704, não houve nenhuma celebração pública especial na Chinatown de San Francisco. Vimos muitas crianças e adultos estourando traques e até algumas bombinhas, e havia papel vermelho picado pelas calçadas – aumentando a sujeirada – e muitos cookies e chocolates em embalagens douradas e vermelhas à venda, além de todos os apetrechos típicos do dia, para boa sorte e fortuna. Eu comprei um quimono, um xale, colheres de porcelana e uma garrafa térmica com peneirinha para chá. Caminhamos muito, estava uma muvuca horrível, nós sempre comentamos das filas nas padarias, casas de chá e restaurantes em geral. Tudo sempre está abarrotado. É tanto cacareco e tanta comida pra vender, tanta gente, tanto movimento. Destoa um pouco do resto da cidade, lotada de figuras sofisticadas e modernex, turistas e mendigos. Aliás não se ve um mendigo em Chinatown – e olha que eles abundam no resto da cidade. Acho que é porque em Chinatown não tem espaço para os carrinhos de supermecado, que são as casas ambulantes dos homeless, e não dá pra dormir naquelas calçadas. Ninguém, nem mesmo os junkies no fundo do poço se arriscam.
Enquanto eu entrava nas lojinhas e me divertia olhando os cinco milhões de opções de badulaques inúteis e coloridos, o Uriel entrava nas vielas, obcecado em encontrar o ex-barbeiro do Frank Sinatra. Ha Ha Ha! Só o meu marido mesmo! O que ele encontrou foi um muquifo cheio de indivíduos imersos numa jogatina danada. Dispersa, dispersa, e arrepia na geral!