carne feita de planta

Já comprei muito hambúrguer vegetal nessa vida. Parei quando comecei a ler os rótulos e ver que, baseado nos ingredientes, eu não estava comendo algo tão saudável assim. Mas a demanda por produtos vegetarianos e veganos aumentou imensamente nos últimos anos, e também a exigência por produtos de qualidade. Num restaurante, no ano passado, comi o Impossible Burger e achei bem sem graça. Talvez porque tenha pedido pra retirar o queijo e não sobrou muita coisa além do hambúrguer dentro do sanduíche. Depois disso recebi um cupom pra comprar o Beyond Meat e achei infinitamente melhor. Talvez pelo fato de ter preparado em casa, acompanhado de outras comidas e não servido socado no meio de um pão. Mas achei essa versão muito estranha, porque ele tem uma textura muito próxima da carne, com aquela aparência de medium-rare por causa da beterraba que é incorporada na massa de uma maneira absurdamente eficiente e calculada para ficar parecendo meio-mal-passada. Comi, mas não fiquei entusiasmada. Depois comecei a olhar para outros produtos veganos no supermercado. E lendo os rótulos, como é do meu costume, percebi que alguns dos produtos melhoraram muito em termos de ingredientes. Comprei duas versões do Good Seeds, feitos com sementes de cânhamo. Achei gostoso, mas também nada que me deixasse impressionada. O da marca Hillary’s ainda não comi, mas não estou antecipando ficar apaixonada. De todas essas versões que já provei, o melhor hambúrguer de todos é sem dúvida o feito em casa. Repito muito essa receita com feijão preto [removo o queijo] ou esse de lentilha. No dia em que achar algo melhor do que fazer esses hambúrgueres em casa, venho correndo contar!

Green Gulch Farm Zen Center

Fomos fazer nosso picnic anual na praia e eu escolhi a Muir Beach, por ser a mais perto, menos tempo de carro. Nunca tínhamos ido à essa praia, que é bem pequena, fechada numa encosta. Na ida, bem perto já da praia, passamos por uma comunidade budista e eu falei—na volta, vamos parar. E assim fizemos. Descemos com o carro por uma estradinha apertada num barranco, tivemos que encostar quase despencando para dois carros que estavam subindo passarem. Chegamos no Green Gulch Farm e não sabíamos exatamente onde ir. Um casal que estava chegando também nos guiou. Ele era voluntário no local e nos fez um resumo, de que eles são parte do famoso San Francisco Zen Center, de como eles aceitam hóspedes, tem meditação, dharma talk nos domingos de manhã, e têm lugares pra retiro, o templo e a fazenda. Passamos por umas residências do pessoal que mora lá. O casal abriu um portão, nos deixou no jardim e seguiu em frente em direção à praia. Quando avistei o jardim, fiquei sem fôlego. Nunca tinha visto tantas cores juntas, tantas flores, as dálias eram predominante e eram absolutamente maravilhosas! Fiquei um tempão zanzando entre as flores e tirando fotos. São vários jardins para meditação e hortas uma atrás da outra. Fomos caminhando até o final, onde tinha mais um portão que dava para uma trilha em direção à praia. As hortas, todas com produção orgânica, eram uma pintura. As folhas verdes, que devem gostar muito do clima fresco do litoral, pareciam de plástico tal a perfeição. Ficamos muito tempo caminhando e olhando tudo, voltamos pra área dos jardins, das flores, do templo, até chegar no caminho rodeado de eucaliptos e voltar para o nosso carro estacionado. Fiquei tão extasiada com aquela visita, não parei de falar um minuto que queria voltar, que queria voluntariar, que queria trabalhar na cozinha deles, que queria morar lá! Até disse—nesse nosso passeio, acho que gostei mais desse lugar do que da praia. Não estava mentindo.

uma excursão pelas culturas especiais da Califórnia

Fiz uma viagem de trabalho incrível, uma excursão pelo vale central e pela região de Salinas, áreas altamente agrícolas. O vale central da Califórnia é praticamente o cinturão verde do país. Eu trabalho para uma divisão de recursos naturais e agrícolas, num programa de controle integrado de pestes. Sou do grupo de IT, trabalho no website, então tudo pra mim é mais ou menos abstrato. Essa viagem me permitiu ver tudo o que já conheço mais ou menos na teoria, funcionando na prática. Muita informação foi novidade pra mim e outras eu me aprofundei. Visitamos muitas fazendas e algumas processadoras que empacotam os produtos. Passamos por muitas cidades, as principais foram Visalia, Parlier, Salinas, Castroville e a area do Delta em Sacramento. A viagem é organizada todo ano pelo California Specialty Crops Council e é muito popular. Antes de ir, conversei com muitos colegas que já tinham participado e todos falaram a mesma coisa—você vai adorar! Visitamos um pomar de prunes [as ameixas que viram ameixas secas], outro de nectarina e uma operadora de empacotamento das nectarinas e pêssegos. Visitamos uma fazenda que ainda produz passas secas nas vinhas [DOV—dried on the vine], escutamos várias palestras sobre água no campus do USDA em Parlier, visitamos uma empresa que estoca e distribuí químicos para agricultura, também tivemos algumas palestras dentro do ônibus, enquanto íamos de um lugar para o outro. A logística dessa excursão foi fantástica. Visitamos uma colheita e empacotamento de alho, um campo de pimentões, uma operadora de empacotamento de cenouras, vimos muitos campos de alcachofras e legumes, ouvimos explicações sobre regulamentações e aplicação de pesticidas, visitamos as instalações da empresa Dole, onde eles empacotam saladas, ouvimos detalhes sobre uma máquina para desbaste num campo de alfaces, uma colheita de folhas verdes [que terá fotos num post separado, porque foi a parte que mais gostei!], vimos uma simulação de fumigação num campo de morangos e visitamos uma fazenda orgânica de morangos ao lado do oceano, quase em Monterey. Voltamos para o vale para ver uma colheita de melão, almoçamos ouvindo sobre abelhas e polinização, fomos para uma fazenda de peras e maças, onde ouvimos um expert falar sobre os controle de vertebrados, que são uma peste na agricultura. Foi interessante ver o lado dos produtores e fazendeiros, de como eles encaram as regulamentações na California como uma burocracia exagerada que acaba sendo mais um empecilho que uma ajuda. Todos também reclamaram da mão de obra, que está cada vez mais escassa. Muitas culturas são delicadas demais e precisam ser colhidas a mão e a dinâmica do trabalho agrícola está mudando. Foi muito interessante ver a unanimidade de mexicanos trabalhando no campo. Muitos porque não tem qualificação para fazer outra coisa, outros, muitos jovens, fazendo um pé de meia durante a temporada. O trabalho é extremamente árduo e bruto. Ouvimos muitas histórias e processei muita informação. Pra mim foi uma viagem de muito aprendizado e que vai gerar muita reflexão e assunto pra inúmeras conversas futuras.

» Fiz três videozinhos usando o memories do iphone, pra matar o tempo ocioso dentro do ônibus. Eles depois foram usados numa apresentação da viagem que fizemos para pros outros colegas. Quem tiver curiosidade: >> Colheita das folhas verdes >> Empacotamento de pêssegos e nectarinas >> Colheita e empacotamento de alho

a flor da feijoa

Eu não sabia, mas meus amigos me avisaram, que as pétalas das flores da feijoa são comestíveis. Achei um arbusto enorme perto do meu trabalho e fui lá colher as pétalas. Elas são carnudas e docinhas, o sabor tem um toque de água de rosas. Agora que tenho essa informação, voltarei no próximo ano um pouco mais cedo, para fazer uma festança. Como a gente colhe apenas as pétalas, não afeta a flor, que irá virar fruto no outono.

colhendo azeitonas & fazendo azeite

Na última primavera eu estava almoçando com uma amiga de trabalho e conversando sobre comida, quando ela mencionou um tal “clube do azeite”. (( PLIN!)) Em questão de segundos eu já tinha pedido mais informação e muito mais rápida do que um raio eu já tinha me filiado ao clube, que é mais ou menos como uma CSA do azeite. Você paga por ano e recebe dois vidros por trimestre. Num dia horrivelmente tórrido de verão eu recebi meu primeiro lote. Duas garrafas de azeite e um potinho com creme para as mãos feito com azeite e aromatizado com lavanda. Que delicia! Ainda não recebi meu segundo lote, que chegará na semana que vem, mas em novembro fomos convidados para conhecer a fazenda com seus modestos oliveirais e aprender como se faz o azeite. Num sábado chuvoso dirigimos até a pequena propriedade do simpático Mike Madison [irmão da Deborah Madison] que fica entre as cidades de Davis e Winters. Lá fomos recebidos com café, bolo de banana e caquis recém-colhidos. Fizemos uma tour pelo lugar, as crianças colheram azeitonas, ouvimos muitas histórias sobre a fazenda e a produção de azeite. Na volta pudemos ver as azeitonas serem moídas, a pasta centrifugada e provamos o azeite fresquinho que saia pelo outro lado. Duas panelonas com sopa quentinha nos esperavam num fogão com muito pão para molhar no azeite novo, que pudemos provar a vontade. Eu já tinha visto produção de azeite numa escala um pouco maior [o azeite da Séka Hills no Capay Valley], mas nunca tinha visto numa tão artesanal, com colheita manual. Na hora de ir embora avisei que ia tirar fotos das árvores de caqui e fui incentivada a pegar quantos caquis eu quisesse. É claro que eu quis—peguei uma sacola cheia!

Dinner with Jackson Pollock

Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock

Fazia um tempinho que não investia em livros e comprei esse do Pollock e outro do Monet. O pacote foi entregue na porta da minha casa quando eu estava viajando a trabalho e quando voltei ele não estava mais lá. Foi a primeira vez que tive algo roubado da minha porta, fiquei imensamente chateada. Liguei pra Amazon e eles me perguntaram se eu queria o dinheiro de volta ou que os livros fossem reenviados. Optei pelo reenvio e dois dias depois eles chegaram. O do Monet—bonito, mas com as fotos de sempre, as receitas de sempre. O do Pollock—lindo, criativo, estimulante, muitas histórias sobre ele e a mulher, Lee Krasner, receitas de família, compiladas de recortes e anotações escritas a mão, tudo isso lindamente encadernado em espiral, com fotos históricas, fiquei encantada, não larguei do livro por algumas semanas e fiz algumas das receitas. Com a atual abundância de livros de culinária, onde tudo parece ser feito no mesmo formato, com o mesmo estilo de fotos e layout, esse foi uma exceção muito auspiciosa que me deixou muito feliz!