foi o esquilo que me encarou

Na frente da porta de entrada para a minha sala no meu trabalho tem um arbusto que se enche de pequenas flores no verão e que no outono viram frutos ovalados com uma cor verde bem escura. Esse arbusto é um pé de feijoa, uma fruta deliciosa também conhecida como goiaba mexicana. Eu levei muito tempo para me tocar que aquelas frutinhas eram feijoas, já que elas desaparecem rapidamente por serem vilmente atacadas e devoradas ainda verdes pelos esquilos.

Voltando da minha caminhada estica-pernas das três da tarde observei uma comoção esquilanesca nas proximidades do pé de feijoa. Foi quando peguei no flagra três esquilos, que já roiam covardemente as tais frutinhas. Minha presença e cara nada amigáveis fizeram com que dois dos esquilos se pirulitassem e fossem procurar por coisinhas comestíveis na grama de outra árvore mais próxima. Mas um deles não se moveu, ficou ali plantado e me encarou. O esquilo me encarou sem piscar, nem disfarçar, não abaixou a cabeça, não vacilou. Ele simplesmente me encarou. E eu encarei de volta, enquando ele subia pelos galhos da árvore, sem nunca virar a cabeça, sempre firme me encarando. O duelo de olhares durou alguns minutos. Foi emocionante. Não sei por que, mas eu tive quase certeza de que aquele esquilo era uma esquila.

ôpa, que susto!

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Estava na horta tentando arrumar alguns galhos dos tomateiros que crescem selvagem e enlouquecidamente quando dei de cara com esse baita lagartão verde! A lente macro pegou todos os micro detalhes horrorendos desse bicho, cujo nome cientifico é Manduca quinquemaculata, mas é conhecido vulgarmente como Hornworms. Eu saí correndo, deixei o bicho lá no galho, mas vou ter que monitorar pra ver se ele não vai fazer nenhum estrago, pois esse tipo de lagarta come os tomates—uma coisa impressionante, ainda mais que nem consegui identificar qual é o lado da boca e se ela tem dentes. S u p e r f r e a k !

litros, litros e mais litros

Acho que nunca bebi tanta água na minha vida, nem nos meus tempos de nadadora assídua. Com esse calor seco, reidratar é imprescindível e eu acordo e durmo bebendo água. Durante minhas horas de labuta isso irrita um pouco, pois provoca mais idas ao wanderley. Hoje, além dos quarenta e um graus celsius, está um fumacê horrível provocado pelos incêndios que, como todos já devem ter visto nos noticiários, estão castigando o norte da Califórnia. Nós estamos sentindo a calamidade pela névoa amarela e ardida que envolveu o nosso céu. É um cheiro tão forte de madeira queimada, que me faz ter vontade de chorar.

Ontem, jantando sozinha na mesa da sala, olhei para o quintal e vi através da porta de vidro a criaturinha delicada ali perto dos arbustos de lavanda. As perninhas finas, como as do Pernalonga, as orelhonas pontudas esticadas, os olhinhos meigos e o focinho mexendo pra lá e pra cá. O gato Roux já começou a bufar com a visão da lebrezinha, que permaneceu impávida, sem perceber que uma humana e um felino a observavam com diferentes intenções. O Roux mudou até de posição, depois de janela, para poder ver melhor. Eu parei de comer, parei de ler a revista que estava me acompanhando na saladinha de pepino com queijo feta e fiquei olhando com uma cara de parva sorridente apatetada até a lebrezinha dar um pulinho e desaparecer da minha vista tão rapidamente que nem vi pra onde.

Com esse calor miserável, senti muita pena da lebre pernalonga e orelhuda lá fora. Parei tudo que estava fazendo e fui até o quintal onde arrumei uma vasilha bem no meio do piso de tijolinhos e enchi de água fresca. O bichinho vai desidratar, ele precisa de água!

Mais tarde, contando o episódio pro Uriel, ele me disse que esses animais se viram muito bem e que chupam a água dos matinhos e plantinhas. De sede eles não morrem. Especialmente naquela selva que é o meu quintal.

controlando as pestes

Outro dia o Uriel achou uma aranha viúva negra caminhando alegremente pelas cobertas da nossa cama. Logo em seguida os inquilinos avisaram que tinham matado mais duas delas na varanda da casinha. Fechamos rapidamente todas as possíveis entradas de aranha, como ralos de pia, e chamamos imediatamente o serviço de controle de pestes. Já tivemos uma viúva negra no quintal, mas dentro de casa, em cima da cama, é sinal vermelho piscante—pode parar já com isso!
Então quando o Uriel ligou lá no serviço de controle de pestes, perguntando como iria ser feito o aniquilamento das aranhas, se eles iriam espirrar algum tipo de pesticida e se seria algo tóxico, já foi avisando—olha, nós temos uma lebrezinha vivendo no quintal e eu não quero que nada aconteça com ela, hein? não tem perigo dela se intoxicar? porque se a NOSSA lebre morrer, eu cancelo o serviço com vocês no mesmo minuto! Os caras garantiram que o produto que eles vão usar não vai fazer mal nenhum à NOSSA lebrezinha. Ufaaa!

fancy a cup of tea?

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Pelo menos uma vez por semana, lá vou eu para minhas garimpagens. Nem sempre encontro coisas legais e às vezes saio da lojinha de mãos vazias, o que não me deixa feliz pois eu quero muito ajudar os animais. Todo o lucro dessa lojinha de segunda mão vai para o abrigo dos animais que o SPCA mantém em Woodland. Eu estive naquele abrigo uma vez, quando deu um forrobodó com o senhor Misty. Fiquei arrasada e quis ajudar de alguma maneira. Minha contribuição é comprando coisas e doando o troco. Eu gasto bastante lá e muitas vezes saio com preciosidades como estas—bules para chá ingleses da década de cinquenta da Swan Brand, uma empresa que não existe mais. Os bules não devem ter muito valor monetário, mas são uma graça, feitos de alumínio cromado e decorados com desenhos em relevo.