panna cotta de coco
[com ameixa em calda]

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Essa é uma panna cotta, feita com uma receita de panna cotta, nem tenha dúvida. Mas confesso que a minha real intenção foi fazer um manjar branco, só que com ingredientes melhores, sem ter que engrossar o creme com maizena—que é como eu me lembro que os manjares brancos eram feitos. Tirando esse detalhe, o resto é bem semelhante à nossa sobremesa clássica brasileira. Servida com a calda de ameixas, que sempre foi a melhor parte pra mim. Uma sobremesa que é a combinação perfeita do creme com a fruta.

Usei a receita de panna cotta da Alice Waters que sempre uso porque é fácil de fazer fica sempre perfeito. Só fiz a adaptação para incluir o leite de coco. Usei um leite de coco orgânico que tive que praticamente cortar com a faca para remover da lata. E o creme de leite fresco de sempre, também orgânico e que também preciso cutucar pra ele sair do vidro. Eu acho que esses detalhes de qualidade fazem a diferença no final. Para a calda, usei umas ameixas naturebas sem sorbato de potássio. Essa panna cotta ficou absurdamente sedosa e cremosa. Um verdadeiro manjar!

para o creme:
2 xícaras de creme de leite fresco
2 xícaras de leite de coco
1/4 xícara de açúcar
1 envelope de 7 gr de gelatina em pó sem sabor
3 colheres de sopa de água
Dissolva 7 gr de gelatina em pó sem sabor em 3 colheres de sopa de água. Reserve. Numa panela, coloque as xícaras de creme de leite e de leite de coco e o açúcar. Leve ao fogo médio e esquente bem a mistura, mas não deixe ferver. Remova do fogo e adicione a mistura de gelatina e mexa bem. Se precisar bata com um batedor de arame. Coloque em uma forma grande molhada ou em forminhas individuais. Leve à geladeira por pelo menos 6 horas.

para as ameixas:
2 xícaras de ameixas secas
3/4 xícara de açúcar
1-1/2 xícara de água
Suco e raspas da casca de 1 limão [*usei o Meyer]
Misture todos os ingredientes numa panela, deixe ferver, abaixe o fogo e cozinhe até formar uma calda grossa. Desligue o fogo, deixe esfriar bem e sirva as ameixas com a panna cotta.

restaurante Tordesilhas

Tordesilhas

Tordesilhas Tordesilhas
Tordesilhas
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Tordesilhas
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Tordesilhas
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Tordesilhas Tordesilhas
Tordesilhas
Tordesilhas Tordesilhas
Tordesilhas
Tordesilhas Tordesilhas
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Demorei tanto pra escrever sobre a minha visita ao restaurante Tordesilhas em São Paulo, que agora vou ter que espremer a memória e torcer pra não ter esquecido nenhum detalhe. O plano inicial, sugerido pela Neide Rigo e acatado alegremente por mim, era ir conhecer o famoso restaurante Mocotó que conquistou a cidade com seus quitutes nordestinos. Mas o dia em que me encontrei com a Neide era o meu último em São Paulo e no Brasil. Naquele mesmo dia eu iria direto pro aeroporto e fiquei um pouco nervosa com a localização meio distante do Mocotó. Quando a Neide sugeriu o Tordesilhas como segunda opção, escolhi fazer a troca na hora. Não me arrependi. O Mocotó ficou para a próxima.

Voltando no tempo um pouco, tenho que registrar aqui o meu nervoso e a minha caipirice com o tamanho da cidade e as distâncias dentro de São Paulo e como é meu costume fazer, esquentei a moringa à beça pensando e planejando como eu iria me locomover de um lugar pro outro por lá. Eu não contava com a generosidade e gentileza das queridas amigas com quem me encontrei e que se ofereceram de me dirigir pra lá e prá cá. Assim acabei chegando na casa da Neide antes das oito da manhã, sem nenhum esforço, só no papo gourmet com a minha amiga Daniela, que bondosamente me dirigiu do Itaim-Bibi até a Lapa numa piscada.

Com a Neide então, nem vi por onde estava indo nem onde estava pisando, porque só queria saber de ouvir ela falar e papear. Fomos de trem até o Mercado da Lapa e depois de ônibus até o centro da cidade, onde fui conhecer o Marcos, marido dela e depois fomos caminhando até o Tordesilhas.

O ambiente do restaurante é uma delícia, com uma decoração cheia de detalhes folclóricos, uma bancada com frutas e legumes logo na entrada, tudo colorido, super fotogênico e aconchegante. Chegamos cedo e o lugar ainda estava bem vazio. O serviço foi extremamente cortês e teve uns salamaleques extras, por conta da presença da Neide na mesa. Então toda hora passava um e parava para cumprimentá-la. Andar com gente famosa é assim mesmo, né?

Pedimos a comida, que pra mim foi um processo de extrema dificuldade, pois eu queria provar TUDO! Escolhemos um caldinho de feijão com torresminho e uma renda de couve frita, cubinhos de queijo de coalho fresco com mel de rapadura e uma saladinha caipira, feita com almeirão, tomate, cebola e farelo de torresmo. Eu pedi um medalhão de carne de sol com risoto de pupunha e a Neide um galeto assado com curau de milho verde e arroz de abobrinha com pequi [provei o pequi pela primeira vez na vida e ele tem gosto de perfume!]. De sobremesa pedimos os três sorvetes de frutas amazônicas [açaí, cupuaçú e tapioca] sobre bandeira de jambu com biju. Só bebemos água, porque eu ainda tinha que arrumar mala, ir pro aeroporto, pegar aquele avião.

A comida do Tordesilhas estava deliciosa, mas o fato de eu estar lá almoçando com a querida Neide me trouxe um presente extra, que foi conhecer a chefe Mara Salles e a mãe dela, dona Dega. A Mara chegou na mesa e conversou muito, especialmente sobre um evento de gastronomia e sustentabilidade que estava acontecendo na cidade naquela semana. Um dos meus assuntos favoritos. Fiquei ouvindo tudo o que ela falava e só balançando a cabeça em concordância. Ela fez algumas criticas ultra sensatas e falou muita coisa legal. Adorei ouvir de uma chefe brasileira o que ela pensa sobre culinária sustentável num país tão rico de ingredientes e com estações climáticas tão produtivas, como o Brasil. Depois a dona Dega juntou-se à nós e bebericamos um licor de Baru—uma castanha do cerrado e conversamos sobre muitas coisas. A mais interessante e que me deixou boquiaberta foi sobre a abobrinha brasileira. Comi essa abobrinha verde e amarela por tantos e tantos anos e nunca soube que ela é a versão jovem da butternut squash tão abundante por essas terras onde vivo agora. Essa informação de que a abobrinha que refogamos no Brasil é a versão imatura da butternut squash que assamos aqui, me pegou realmente de surpresa. A Mara serviu um acepipe que ela faz com a abobrinha e trouxe uma abobrinha inteira até a mesa, que ela cortou no meio e me mostrou a polpa e sementes. Fiquei boba! Tão boba que até posei pra uma foto com a Mara e segurando a abobrinha na mão [foto da Neide]. Foi uma experiência ímpar e um privilégio passar umas horas naquele restaurante, papeando com pessoas tão bacanas e com tanto conhecimento. Queria ter ficado pro jantar, mas eu tinha que tomar banho, arrumar mala, rumar para o aeroporto e pegar aquele avião.

salada de laranja vermelha, tâmara, rúcula e amêndoa

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É realmente um fato incrível o tanto que essa salada me surpreendeu. Uma salada é uma salada é uma salada. Mas essa me fez dar um pulo na cadeira logo na primeira garfada. Não vou saber apontar exatamente o que foi que causou todo esse espanto, sendo que já comi outras saladas assim, com vários desses ingredientes juntos. Salada de laranja é um prato assíduo nas minhas refeições durante o inverno. Mas essa mistura em particular, mas o detalhe do óleo de nozes, fez dessa um prato único e extraordinário. A receita saiu do livrão—The Essential New York Times Cookbook.

Folhas de rúcula
Tâmaras
Laranja vermelha [Blood orange]
Amêndoas torradas
Fatias finas de queijo parmesão
Pimenta do reino
Óleo de nozes

Monte a salada com uma camada de rúcula, por cima salpique as tâmaras descaroçadas e picadas em pedacinhos, depois a laranja descascada e cortada em partes, depois as amêndoas e por fim as fatias de parmesão. Polvilhe com pimenta do reino moída na hora e por último regue com um fio generoso de óleo de nozes. Sirva imediatamente.

[*vale a pena salientar que todos os ingredientes, com exceção do queijo parmesão e da pimenta do reino, são locais, sazonais e orgânicos]

smoothie de iogurte & pistacho

De vez em quando vamos comer num pequeno restaurante libanês aqui em Davis e lá o Uriel gosta de beber um iogurte salgado que vem iogurte-pistachonuma garrafinha. Na primeira vez que provamos aquilo tivemos choque, porque não é muito comum se encontrar bebidas salgadas sendo servidas nos restaurantes por aqui. Esse smoothie, que tirei da edição de fevereiro da revista Martha Stewart Living [a primeira edição com versão para o iPad] é algo na mesma linha daquela bebidinha libanesa—é salgado. Resista fortemente à tentação de colocar qualquer tipo de adoçante por sua própria conta, porque a bebida, exatamente assim salgada, é simplesmente perfeita. Experimente e extermine qualquer dúvida que ainda possa estar lhe atormentando.

2 xícaras de iogurte natural [*uso sempre o orgânico]
1/2 xícara de água
1 1/2 colher de chá de gengibre ralado bem fino [*uso o microplane]
1/2 xícara de pistacho salgado
1/4 colher de chá de pimenta do reino moída
4 cubos de gelo

Bata tudo muito bem no liquidificador, divida em copos, decore com pistacho moído e sirva imediatamente. Serve de 4 a 6 copos.

adoro as manhãs de domingo

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Tenho a impressão de que os coaches do masters onde eu nado me desprezam profundamente, porque eu não estou interessada nos treinos, nas competições, em quebrar recordes ou ganhar medalhas. Eles me ignoram solenemente, mas pra mim tá muito bom assim. Eu sempre nadei contra a corrente ou sozinha numa raia sem me enturmar. Sou assim desde sempre, não consigo fazer parte de grupos, partidos, andar em turma, fazer o que os outros fazem, me vestir na moda, seguir regras, participar de eventos coletivos, jogar joguinhos, passar correntes pra frente, fazer parte de um time, me integrar na onda do momento. Sou a que corre por fora, do meu jeito, com as minhas regras e etiquetas que me orientam e determinam o meu caminho.
Acordamos com o gato faminto espancando a porta do quarto. Eu levantei e desci para dar comida ao desesperado. A relação do Misty com os humanos é completamente baseada em comida. É uma coisa que me incomoda, pois parece não existir outro elo de ligação. Li outro dia que gatos são muito mais leais aos humanos do que os cachorros, só que eles fazem a conexão de uma maneira diferente e muito mais rigorosa. Eles se conectam com apenas um humano, à quem vão ser leais para sempre. Se acontecer dele ser abandonado, o gato nunca mais vai se conectar à humano algum e todos os relacionamentos dali em diante serão baseados em comida. E esse é exatamente o caso do meu gato velhinho, o Misty.
Domingo de manhã, quatro graus, névoa baixa e frio, vejo pela janela da cozinha muitos passantes indo caminhar pelo Arboretum. E daqui a pouco eu tô indo nadar.

a casa da tia

Durante a minha infância, o melhor passeio que existia era visitar a casa das minhas tias. Cada qual com seu jeito diferente, todas me encantavam com suas casas e seus estilos de vida diferentes. Numa delas era o lugar da farra, das brincadeiras impensáveis de se fazer na minha casa, na liberdade total, na comida caseira, nos bolinhos da tarde. Na outra era a sofisticação e fartura intelectual, livros, discos, quadros nas paredes, arte espalhada pela casa, mil histórias sendo contadas, discussões inteligentes, comida sofisticada. Noutra era o estilo, a modernidade, as dicas de estética e beleza, as piadas que me faziam chorar de rir. Cada uma das minhas tias tinham certas qualidades que me atraiam.
Agora ouço os meus irmãos dizerem que meus sobrinhos amam a minha casa e adoram vir me visitar. Eu me sinto tão feliz com isso, pois sei o quanto é mesmo gostoso ficar hospedado na casa da tia. Nem que seja pra ficar fazendo nada, só vendo tevê, lendo revista e ouvindo o convercê dos adultos.

bolo de laranja & amêndoa

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Ainda na procissão sazonal dos citros e aproveitando as receitas compiladas pela equipe da MS, fiz na sequência este bolo que combina a amêndoa com a laranja. Essa versão da Martha é bem parecida com esta outra da Nigella. Não tô de jeito nenhum querendo instigar rivalidades entre musas, mas o bolo da Martha deu um olé triplo carpado hermenêutico no da Nigella. Ficou o fino da bossa—úmido e macio, e a cobertura de laranja foi o complemento que deixou esse bolo ainda mais especial.

6 laranjas [da variedade navel ou outra bem doce]
1/2 xícara de farinha de trigo
1 e 3/4 xícaras de amêndoas moídas bem fininho
[ou use a farinha de amêndoas já pronta]
1 e 1/2 colher de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de sal
2 xícaras de açúcar [separadas]
6 ovos

Coloque as laranjas inteiras numa panela grande e funda. Cubra com água fria e leve ao fogo alto até ferver. Reduza o fogo e cozinhe por 2 horas. Coe a água e reserve as laranjas cozidas.

Pré-aqueça o forno em 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma de 22 cm de fundo removível com manteiga e depois polvilhe com farinha de trigo. Reserve. Corte as laranjas cozidas ao meio. Se elas tiverem sementes, remova com cuidado. Coloque 7 metades de laranja num processador ou liquidificador e transforme num purê. Reserve.

Numa vasilha misture com um batedor de arame a farinha, as amêndoas moídas, o fermento e o sal. Numa batedeira com o acessório de bater claras em neve, bata os ovos com 1 das xícaras de açúcar em velocidade média até formar um creme. Misture o purê de laranja e combine bem. Adicione a mistura de farinha, incorpore bem e coloque toda a massa na forma untada. Leve ao forno por mais ou menos uma hora, ou até que o bolo esteja bem cozido. Remova o bolo do forno, deixe esfriar bem e então transfira para uma bonita travessa.

Faça a cobertura de laranjas cortando as outras 5 metades da fruta em cubinhos. Numa panela média misture a 1 xícara restante de açúcar e 3/4 de xícara de água. Deixe ferver, mexendo bem até o açúcar dissolver. Adicione as laranjas cortadas em cubos à calda de açúcar e deixe cozinhar em fogo baixo até o liquido evaporar quase totalmente e formar uma calda bem grossa, mais ou menos uns 15 minutos. Remova do fogo e deixe esfriar completamente. Arrange as laranjas por cima do bolo e sirva.

gelatina de laranja
[e especiarias]

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Pra aguentar esse nosso invernozinho nublado, chuvoso e nevoento, só mesmo com a ajuda singular das maravilhosas frutas cítricas. E como as laranjas estão no pico da estação, o website da Martha Stewart preparou um apanhado de receitas com essa fruta. Foi lá que achei essa gelatina de laranja deliciosamente condimentada. Todo mundo que comeu gostou.

1 e 1/4 xícara de água fria
1 xícara de açúcar
1 pau de canela
3 tiras grandes removida da casca de uma laranja [use um zester]
1 e 1/2 colheres de chá de sementes de erva-doce
2 e 1/2 xícaras de suco de laranja espremidas na hora
1 colher de sopa de suco de limão
4 e 1/2 colheres de chá de gelatina em pó sem sabor

Numa panela coloque a água, açúcar, canela, tiras da casca da laranja e sementes de erva-doce. Leve ao fogo, mexendo bem até o açúcar dissolver. Deixe ferver, desligue o fogo e deixe esfriar. Leve à geladeira e deixe descansar por pelo menos 2 horas. Passe esse xarope por uma peneira e reserve.

Separe 3/4 do xarope de especiarias numa panela. Numa vasilha misture o resto do xarope com o suco de laranja [coe o suco se precisar] e o suco de limão. Salpique a gelatina sobre o 3/4 do xarope e leve a panela a fogo médio até a gelatina dissolver completamente. Despeje a mistura de xarope e gelatina na de xarope e suco. Misture bem, coloque numa forma molhada e leve à geladeir até firmar. Remova da geladeira, deixe descansar uns minutos e vire a gelatina numa travessa. Sirva.

sopa de lentilha vermelha e abóbora

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Embora o inverno já esteja no seu ápice—and going full speed ahead, eu continuo assando abóboras, como se ainda fosse outono. Com uma boa quantidade de red kury squash assada, fiz esta sopa que ficou bem gostosa. O toque de canela foi o diferencial.
1 quilo de abóbora cortada em cubos
1 e 1/2 xícara de lentilha vermelha
8 xícaras de caldo de legumes
2 colheres de chá de canela em pó
3 pimentas vermelhas secas, picadas sem sementes
Sal a gosto
1 cebola branca picadinha
Azeite
Coentro fresco picado para servir
Pinoles tostados para servir
Coloque a abóbora cortada em cubos numa forma coberta de papel alumínio e asse em forno alto por uns 40 minutos, ou até os cubos ficarem bem molinhos.
Numa panela, coloque um pouco de azeite e refogue a cebola picada, a pimenta e 1 uma colher de chá de canela em pó. Cozinhe mexendo sempre por uns 10 minutos, até a cebola ficar bem molinha. Adicione a lentilha vermelha e o caldo de legumes e deixe ferver. Reduza o fogo e cozinhe por 20 minutos, até a lentilha amolecer. Adicione então a abóbora assada e tempere com sal a gosto. Bata a sopa no liquidificador [com cuidado!] ou use um mixer de mão para transformar tudo num purê.
Toste os pinoles numa frigideira por uns minutos. Um pouco antes de desligar o fogo acrescente a outra colher de chá de canela em pó, mexa bem e desligue o fogo. Sirva a sopa com um punhado de coentro fresco picado e salpique com os pinoles tostados com canela.