Tilth — Seattle

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Quando entramos no taxi e demos o endereço do restaurante para o motorista, ele imediatamente exclamou—ah, o lugar orgânico? Não tinha como errar depois dessa. Jantamos no sábado à noite no restaurante Tilth, que foi uma das excelentes dicas da minha nora Victoria. Ela disse que esse era o restaurante favorito dela em Seattle e por gostar de lá e ter me indicado o lugar, cheguei a duas conclusões: essa guria é da minha tribo e com menos de um ano de convivência ela já me conhece muitíssimo bem.

O Tilth tem uma proposta muito simples, que é bem comum aqui na Califórnia e portanto familiar para mim—cozinha orgânica com ingredientes sazonais e locais. Está instalado numa casinha bem pequena e antiga na região de Wallingford, uma área bem para o norte de downtown, onde estávamos hospedados. A Victoria nos aconselhou a fazer reserva, pois o lugar é pequeno, popular e está sempre lotado. Segui à risca os conselhos dela e não me arrependi. Chegamos uns minutos adiantados e ficamos esperando um pouco. Nesse meio tempo deu pra observar bem o lugar, uma casinha toda de madeira construida talvez dos anos 20 ou 30 e mantida na estrutura original.

No cardápio, só produtos de Washington com certificação orgânica do Oregon Tilth, uma organização que promove sustentabilidade e que segundo a Victoria é muito rigorosa, muito mais que a certificação fornecida pelo USDA [o departamento de agricultura dos EUA]. O restaurante estava lotado e tinha uma atmosfera muito aconchegante. O rapaz que nos serviu foi muito paciente e gentil, porque eu fiquei fazendo mil perguntinhas. Primeiro quis saber o que era um poussin, que se revelou ser apenas o nome francês do galeto. Perguntamos sobre outros ingredientes e sobre os vinhos. Para iniciar o jantar, recebemos uma entrada feita com um tipo de aspargo selvagem que cresce nas florestas de Washington. Eu pedi uma sopa especial feita com um matinho chamado nettle e decorada com alho verde, creme fraiche e pimenta cayenne. A cor da sopa era de um verde musgo indescritível. O Uriel pediu uma salada de alface, avelâ, erva-doce e um deviled egg. Nós pedimos o mesmo prato principal, de carne [sirloin] grelhada com salada frisée, vinagrete com lardon [um tipo de bacon] e um ovo cozido em sous vide [que eu não comi, vocês sabem por que, né?]. Bebi uma taça de vinho Va Piano Vineyards, ‘Bruno’s Blend V’, Columbia Valley, Washington 2006, feito com uvas orgânicas numa fazenda sustentável. A sobremesa demorou um pouco pra chegaer, mas foi o encerramento triunfal, simplesmente perfeito. Eu pedi um bolo de semolina com citrus acompanhado de um streusel de figo, grapefruit cristalizado e gremolata. E a do Uriel foi a campeã, um mousse de abacate com xarope de coentro e limão e um tipo de tuile de gengibre.

Uma coisa muito comum nesses restaurantes que servem produtos locais é colocar o nome do produtor ou da fazenda na descrição do prato no cardápio. Eu adoro saber que a avelã veio do produtor Holmquist e que a carne veio da fazenda Eel River, mas às vezes tudo isso causa um pouco de confusão e poluí o menu. Mas é tudo por uma boa causa, né?

Não há fotos, porque percebi que perdi o ânimo de carregar minha câmera comigo nos restaurantes e pagar mico tirando o trambolho de dentro da bolsa durante o jantar. Tentei tirar fotos com o iPhone, mas a luz era péssima, não deu. Decidi que vou comprar uma câmera point-and-shoot nova, discreta e compacta para levar comigo nessas ocasiões. A comida merece ser fotografada, mas eu também mereço jantar tranquila e aproveitar minha noite com o meu marido, sem ficar somente pensando em registrar tudo. Foi um jantar delicado e memorável, onde eu conheci ingredientes especiais de um outro estado norte-americano e por isso agradeci muito à Victoria pela recomendação desse restaurante tri-bacana.

Comentários

Fer, faz tempo que não passo por aqui, só agora soube que estavas aqui em Seattle. A dica da sua nora não poderia ter sido melhor: Tilth é um dos melhores restaurantes de Seattle e a Chef/owner Maria Hines já ganhou vários awards. É o meu favorito aqui, muito em parte pela filosofia local/orgânica, que acho que tem muito a ver com você e com o Chucrute.
bjs

Fer, que bom que você foi lá! Fui ao Tilth a primeira vez em 2007 e gostei bastante, mas também não tiramos fotos por causa da iluminação. :-) Aliás, o meu Gabe está em Seattle essa semana a trabalho e o Tilth está na lista de restaurantes que ele vai matar saudade, e eu morrendo de inveja!

Fiquei curiosa para ver as comidas. Mas, tudo bem, vocês merecem jantar em paz!!
beijo

Tenho um grande desejo de conhecer Seattle. Não sei bem dizer o que foi que tocou no meu subconsciente com relação a esta cidade. perdão mas foi a primeira coisa na qual pensei ao começar a ler este post. Achei muito interessante o fato de que no menu colocam a origem do produto.Ainda n#ao vi isto por aqui. Adoro poussin. Costumo devorar uma sozinha com uma super salada do lado. No wonder que não as compro sempre. gula horrorosa.Entendo bem a coisa das fotos. Sou muito tímida para tirar foto e uma point and shoot facilita em certas situações. Tem tantas excelentes.

Fer, que maximo que voce foi no Tilth, eles estao no auge! Li uma materia muito boa falando sobre esse restaurante e a filosofia deles eh excelente. Os reviews q eu vi falavam muitissimo bem do Tilth.
Fiquei feliz que voce foi la e aproveitou ao maximo com o seu marido o jantar delicioso!
Beijos!
Ana

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