nunca é tarde para fazer pequenas [ou grandes] mudanças

new breakfast

Uma das minhas colegas apareceu com uns potinhos cheios de comida dizendo que estava fazendo um detox naquela semana. Essa palavra “detox” sempre me causou um enorme desconforto, pois me dava a impressão de fome, sofrimento, miséria. Mas não era esse o caso. O detox que a minha colega estava fazendo se chama Kitchari, uma dieta monotemática da medicina Ayurvedica para limpar o sistema digestivo. Você prepara uma receita com arroz basmati, feijão mung, legumes e especiarias e come isso por três dias, bebendo bastante chá nos intervalos. Pode comer quanto quiser dessa mistura. Minha colega acrescentou  que sempre faz esse detox quando exagera nas comilanças de porcarias ou está precisando de uma “limpeza”. Fiquei curiosa e interessada. Fui atrás de informação e li muita coisa, vi alguns vídeos e chegue à conclusão de que daria pra eu fazer um negócio desses muito facilmente. Eu não iria passar fome, me sentir desprovida, ficar com tonturas, desmaiar, vomitar, todas essas coisas [além de outras] que eu sempre associei com essas limpezas do sistema digestivo. Achei todas as informações que precisava e receitas que me animaram como esta aqui e esta aqui. Preparei tudo para o meu primeiro detox, fiz compras dos ingredientes que não tinha, tudo orgânico é claro, e me preparei psicologicamente pra fazer dois dias, ao invés dos três, pra não me sentir muito oprimida logo da primeira vez. Tava tudo certo, decidi também que iria fazer um café da manhã com aveia, pois nunca tive apetite e estômago pra comer coisas salgadas pela manhã. Mas daí cheguei no ponto que achei que iria ter problema—o café. Desde que me conheço por gente que bebo o tal do café com leite pela manhã, me condicionei a achar que eu não era gente antes de beber aquela xícara de café, que aquilo era imprescindível, se não bebesse esse café pra reconectar os neurônios iria com dor de cabeça. Meu humor matinal sempre foi péssimo, até eu beber o tal café. Troquei o leite de vaca pelo de amêndoas, porque nunca gostei do gosto do leite animal. Mas o café nunca faltou, na xícara ou na tigela. Como farei sem ele nesses dias? O detox Kitchari recomenda beber chá verde, que tem cafeína e algumas propriedades extras que ajudam mais do que atrapalham. Comecei o meu primeiro dia de detox com uma xícara de chá verde e fiz uma tigela de aveia cozida. Fiz na panela ao invés de no microondas, a aveia, água, passas, pedacinhos de maçã e uma colherzinha de ghee, a manteiga clarificada. Bebi o chá, comi a aveia cozida, passei o resto do dia comendo o cozido de arroz, feijão e legumes e bebendo muito chá. Não vou dizer que à noite não me deu aquela sensação de que eu poderia comer algo diferente, mas não era fome, não era algo desesperador. E passei o dia muito bem sem o café matinal, não tive nenhuma dor de cabeça, nenhuma sequela, nenhum incômodo. No dia seguinte bebi o chá verde e comi a aveia, e na noite do segundo dia quebrei o jejum, porque meu marido chegou mais cedo pro final de semana e milagrosamente pudemos jantar juntos. No sábado de manhã pensei, sabe o que? vou continuar com o chá verde. E assim foi no domingo, na segunda, na terça e passaram-se três meses. Nunca mais bebi café. Não sei se foi uma troca benéfica, a única coisa que notei foi que meu mau humor matinal melhorou muito. Agora levanto, faço coisas, ponho a água pra ferver, faço a aveia cozinha [agora no microondas—3 minutos], pico uma fruta, guardo louças, dou comida pros gatos, espero o chá esfriar, leio notícias, não tenho mais aquele desespero de BEBER O CAFÉ como era antes. Paralelamente continuei com a aveia, que era algo que eu já estava fazendo há mais de um ano pra levar pro trabalho e comer no meio da manhã. Antes colocava um pouco de açúcar ou mel, agora eliminei adoçantes totalmente. Uso uma fruta fresca, ou ameixas secas, cozinho a aveia na água, acrescento depois iogurte ou kefir, dependendo com o que combina, adiciono nibs de cacau ou fatias de amêndoas ou pólen de abelhas ou passas. Pra comer no meio da manhã no trabalho agora levo um ovo cozido e um tomate, ou o ayran—o iogurte batido com água e sal que fica muito refrescante, ou kombucha, qualquer bolachinha de arroz ou frutas secas. Nos finais de semana eu como pão com manteiga, com mel ou geléia. Comer a aveia não é uma coisa rígida, também não é uma dieta, porque não estou perdendo peso [se bem que seria bom se perdesse uns quilinhos]. Foi apenas um realinhamento na minha refeição matinal. Uma coisa que nunca pensei ou imaginei fazer e nem sei exatamente por que fiz, mas até agora está tudo ótimo, não sinto falta de tomar café, me sinto muito bem e estou achando tudo muito bom!

6 comentários em “nunca é tarde para fazer pequenas [ou grandes] mudanças”

  1. Oi, Fernanda, adoro seu blog, seu jeito de escrever e as receitas que – quase sempre – eu consigo fazer, principalmente porque você prioriza receitas que não são muito complicadas. Obrigada!
    =)
    Gostaria de saber melhor como fazer essa aveia cozida com água – no microondas, por exemplo, quanto de aveia pra quanto de água, só misturar e colocar lá os 3 minutos? Vou tentar incorporar na minha alimentação.
    Aos poucos, quem sabe vou tentar o chá também.
    Um abraço.

    R: oi Luana, obrigada pelo comentário! eu cheguei numa medida perfeita pra mim, uso um medidor de 1/4 de xícara e coloco uma medida de aveia e três de água. microondas por 3 minutos, dai adiciono o que quiser. as vezes junto maçã picadinha e passas e cozinho junto com a aveia. se você achar essa quantidade pouca, sobre pra 1/3 xícara. um abraço!

  2. Que legal, Fernanda! Eu tb “parei” de tomar café qdo descobri a Ayurveda. Parei entre aspas porque de vez eu quando eu vou a um café e tomo um flat white com leite de coco, que eu adoro. Mas não tomo mais no dia-a-dia, não preciso dele para me sentir desperta, uma sensação ótima, né? Adoro seu blog! Bjos

    R: que coisa boa Roberta! a gente realmente não precisa ser rígida, mas é bom poder quebrar com certos paradigmas. beijos!

  3. Puxa, achei bem interessante o detox e a troca do café pelo chá verde. Café é uma coisa que, pra mim, é meio amor e ódio, parece que preciso dele, mas não me sinto bem depois de tomar, bate um arrependimento. Experimentei um chá verde gelado em um restaurante e fiquei tentada a inseri-lo na minha rotina, especialmente no verão. Era um chá verde com grãos de arroz integral torrado, muito saboroso. Na minha próxima ida à Liberdade, vou comprar e experimentar substituir o café.

    R: Leticia, acho que o chá verde tem mesmo mais benefícios. depois me conta! 🙂

  4. Oi Fe fico um tempinho sem visitar seu site e qdo entro encontro muitas novidades que adoroooo!
    ja te falei que gosto como vc escreve, o que vc escreve, das fotos e das receitas! as x me arrisco fazer alguma receita sua, fiquei muito animada p fazer este detox, estou precisando! Eu tbem deixei de tomar cafe e tomo cha de manha faz muito tempo que n tomo cafe. obrigada pelas novidades, estas receitas indiana. bjs Wilma.

    R: Wilma pra você vai ser bem facil, se fizer me conta. fico feliz que gosta das coisas aqui. um beijo!

  5. Oi Fer! Mudancas são bem vindas! Entendo perfeitamente, pois também aconteceu comigo. Tomo café com leite (vegetal) raramente e puro, nunca. Reduzi o consumo de carne vermelha e acúcar, e meu corpo não absorve mais a farinha branca e fermento químico como antes, então evito. Chá verde eu gosto muito, tomo mais o Ban-chá. É o caminho. De alguma forma, o corpo pede desintoxicacão e purificacão. Faz bem. Bjs.

    R: exatamente Ana! a gente acha que tá fazendo tudo certo, mas sempre dá pra melhorar, ou apenas mudar né? por que não? um beijo!

  6. Concordo com você!!! Passei boa parte da minha vida sendo uma “pseudo ovolactovegetariana”, que cozinhava para uma família de onívoros… Achei que nunca conseguiria deixar de comer queijo. Quando mudei para o Maranhão (no meu momento sabático!), resolvi que tinha que aproveitar o momento e testar ser vegetariana (ainda nessa encarnação…). Foi muito mais fácil do que eu imaginava, estou me sentindo ótima (depois de quase um ano vegetariana estrita, ou vegana). E ainda de quebra, acabei levando o marido a se tornar vegano junto (e sem falar nadinha…!).

    R: Monica, te admiro! apesar de ser uma flexitarian, ainda não tomei a decisao do vegetarianismo ou do veganismo. mas é como você disse, a gente acha que nunca vai conseguir ficr sem algo e de repente plin! parabéns pela sua decisão. beijo!

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