Eat your view!

“Eat your view!”—Atualmente lê-se isso por toda a Europa em adesivos colados por todos os cantos. Como está implícito na expressão, a decisão de consumir produtos locais não é somente um ato de conservação, mas é também uma ação provavelmente muito mais efetiva [e sustentável] que mandar cheques para organizações ambientais.

Mas “Eat your view!” envolve um bocado de trabalho. Participar da economia local requer um esforço consideravelmente maior do que fazer compras no Whole Foods. Não iremos encontrar produtos para o microondas nos Farmer’s Markets ou na nossa cesta orgânica dos CSA [Community Supported Agriculture], e certamente não poderemos comprar tomates em dezembro. O consumidor de produtos locais vai precisar correr atras da fonte para a sua comida. Vai ter que descobrir quem tem a melhor carne de carneiro ou os melhores milhos. Depois disso, ele ainda vai precisar se reconectar com a sua cozinha. O maior atrativo da comida industrializada é a conveniência, pois ela oferece a oportunidade para que as pessoas muito ocupadas deleguem para outros o ato de preparar [e preservar] o seu alimento. No lado oposto da cadeia alimentar industrializada, que se inicia numa fazenda com plantação de milho em Iowa, um consumidor de alimentos industrializados senta-se a mesa [ou, cada vez mais freqüente, no banco do carro]. O maior mérito do sistema industrial de alimentos foi ter nos transformado nessa criatura.

Tudo isso para dizer que o sucesso de uma economia local implica não somente num novo tipo de produtor, mas também num novo tipo de consumidor. O tipo que encara as tarefas de procurar, comprar, preparar e preservar o alimento não como um fardo, mas como um prazer. O tipo cujo paladar não lhe permite comer num MacDonald’s e cujo senso de comunidade não lhe deixa fazer compras num Wal-Mart. Esse é o consumidor que entende a frase memorável de Wendell Berry—comer é um ato agrícola, onde poderíamos acrescentar que é também um ato politico.
Michael Pollan em O Dilema do Onívoro

7 comentários em “Eat your view!”

  1. Fer, está tudo bem por aí? Estou agora a ver nas notícias o mau tempo na Califórnia e o dique que rebentou. A natureza está mesmo alterada… Espero que o mau tempo passe depressa!
    bjs

  2. Oi, Fer.
    Sabe que não me tinha dado vontade de ler esse livro até ver esse texto?
    Acho que é mais fácil dar suporte à agricultura local quando se vive numa cidade menor. Aqui em São Paulo é foguete, porque mesmo os orgânicos vem de longe. Tem brócolis orgânico no meu supermercado que vem de Minas! O máximo que dá para fazer é pedir cesta em casa, que por ser tudo colhido no mesmo fim de semana, pelo menos você sabe que não tem como vir de muuuuuuito longe. Mas é preciso ter força de vontade. Coisa que a maioria não tem… Se é difícil educar a galera a ler rótulo, imagina ensinar a buscar informações sobre seu pé de alface??
    Grande beijo.

  3. Concordo plenamente com isso! Temos de investir na agricultura local e não na internacional. Só o dinheiro que se gasta no transporte dos alimentos e na sua “plastificação”, nos hipermercados vemos as carnes, frutas e legumes dentro das embalagens… bleck… não gosto nada…
    Normalmente fazemos compras no mercado ou nos supermercados. Os ovos são da nossa vizinha que faz criação de galinhas e antigamente antigamente comprávamos as batatas e outros legumes da época a um Sr que as plantava (vinha do Interior) e de 2 em 2semanas batia à porta para ver se precisávamos de algo que ele tivesse no camião. Ultimamente não tem aparecido, espero que não lhe tenha acontecido nada…
    Espero que as pessoas tomem consciência do que andam a fazer pelo planeta…
    bjs bom domingo!

  4. Olá!
    Descobri o seu blog faz pouco tempo, e fiquei apaixonada!!rsrs
    É irresistivel, suas receitas são incríveis!
    Vou colocar um link no meu blog, para que mais pessoas conheçam, ok?!
    Um grande abraço, e parabéns!
    Lú!
    Ah, espero sua visitinha no meu blog!
    🙂

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