Got Guts?

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Toda vez que eu ia ao Co-op ou ao Nugget comprar meu leitinho orgânico, via na prateleira as garrafinhas do raw milk–leite cru. O Gabriel já tinha me contado que um casal amigo dele só comprava esse leite, mas eu não fiquei muito interessada, pois estava bem claro que se eu comprasse esse leite, teria que fervê-lo. Mas quando eu li a reportagem do New York Times [Should This Milk Be Legal? infelizmente já fechada], comentando o frenesi do leite cru aqui nos EUA, fiquei com as minhocas de experimentá-lo. A reportagem do jornal explica que esse leite, não pausterizado, é proibido de ser vendido em quase todos os estados do país. A Califórnia é uma das exceções. Mas o pessoal dos estados onde a venda desse leite é proíbida, fazem das tripas coraçào para conseguir o leite clandestinamente, direto de alguma fazenda, sem comprar, mas fazendo trocas, para não infringir as leis. O debate é até onde vale a pena o risco de contrair salmonela, e.coli ou listeria, ficar doente e morrer ou ficar com gravíssimas sequelas, só pelo prazer de beber um leite mais saboroso, que contém umas enzimas a mais que o leite pausterizado.
Quando eu cheguei do supermercado com a garrafa de raw milk na cesta, o Uriel despirocou. Entrou correndo na internet e achou um pdf do USDA [Departamento de Agrícultura dos EUA] e me mandou ler o artigo com título em letras garrafais: The Dangers of Raw Milk. Eu até que tinha pensado em dar um golinho no leite, só pra ver se era assim tão mais saboroso. Mas com todo aquele escândalo perpetrado pelo meu marido, amarelei e FERVI o leite.

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O leite que eu fervi, com uma nata grossona boiando na superfície, me lembrou a minha infância, quando o leiteiro entregava o leite em casa, vindo numa carroça e colocando o leite do galão de metal na jarra. Todo santo dia se fervia o leite e guardava-se as natas para depois fazer biscoitinho com ela. Eu não guardei a nata, pois não sei se vou me tornar freguesa desse leite que precisa ferver.

17 comentários em “Got Guts?”

  1. Fer, eu tomei esse leite cru a gravidez inteira, e meu filho toma quase desde sempre – meio na clandestinidade também, porque aqui no Brasil é contra a lei.
    Olha uns artigos ultra interessants pra você perder o medo:
    http://www.realmilk.com/healthbenefits.html
    http://www.realmilk.com/what.html
    http://www.realmilk.com/rawvpasteur.html
    http://www.westonaprice.org/children/rawmilk.html
    http://www.realmilk.com/schmid_fall02.html
    Enfim… Tem muito mais, dá uma busca no site da Weston Price Foundation

  2. Olá, antes de tudo devo me apresentar, sou Sabrina e gosto muito do seu blog, Parabéns.
    Bem vou dar meu pitaco tb.Eu quando compro estes tipos de leite fervo tb! É muito mais seguro. E ultimamente tenho pensado que esses leites pausterizados são uma porcaria, não sei aí mas aqui no Brazil eles tem uma cacetada de estabilizantes. E depois ficamos nos perguntando por que tem tanta gente com doença, posso estar profundamente enganada, mas já percebeu como a população está se enchendo desses produtos alimentícios cheios de inas e antes da vida?
    Por isso quando dá prefiro tomar coliformes fecais mortos a um monte de “formol”, inas e antes.
    Bjs,
    Sa

  3. Fer! Quando criança eu ia todos os dias com meu “irmãozinho” na época buscar o leite no curral e de vez em quando levávamos o copo com açúcar para tomar lá mesmo, quentinho com espuminha. Bom, nunca ficamos doentes… como era meu pai era o técnico agropecuário da fazenda devia cuidar direitinho das vaquinhas. Mas hoje também eu ferveria este leitinho, não sei, se a época da inocência também temos anjinhos que nos protegem, e hoje mais velhos não estamos tão imunes mais hehe.

  4. Nossa! Eu lembro muito desses biscoitinhos de nata. Minha mãe guardava a nata no congelador e de vez em quando fazia. Era o maior sucesso nas minhas festinhas de aniversário! uma delíííícia!
    Vou até procurar a receita dela e te mando tb.
    beijos

  5. Aqui em casa só se bebe leite cru orgânico de vacas criadas soltas, pastando (o máximo da frescura!!!), e sem ferver!!
    Mas também conseguido “clandestinamente”, já que pela lei brasileira ele não pode ser ocmercializado…
    Mais saboroso impossível, mais saudável impossível!! Tenho “toneladas” de artigos a esse respeito. Quem se interessar, é só pedir!!
    Ah, tomei desse leite a gravidez inteirinha, acompanhado por gemas cruas (tá, eu sou o terror dos médicos ortodoxos…) Praticamente não tive leite no peito. Meu filho também toma desse leite cru desde menos de 1 mês de vida.
    Alguém já viu como ele vende saúde??

  6. É a conquista do objeto do desejo. Mais um daqueles aspectos culturais. Como todas as outras coisas aqui, tudo que é proibido ou limitado vira objeto de desejo e polêmica, até surgir outro tópico, mas há sempre aqueles que tentam frenética e desenfreadamente “obter”, “vencer”,”conquistar”, “provar” ou simplesmente massagear o ego ao se rebelar contra o sistema.
    Eu cresci bebendo leite de fazenda, mas particularmente, tenho um enorme preconceito de beber leite sem ferver. Da mesma forma, que não bebo água de torneira de jeito nenhum, uma prática muito comum nos EUA. Minha amiga, muito corajosa, andou alimentando os bebês pequenos com leite cru, não sei se eu arriscaria tanto em nome do naturalismo…

  7. Nunca provei leite cru porque vivi sempre em cidade por isso, acho que me faria confusão beber sem o ferver…mas depois de fervido provaria, concerteza!
    Ah, e obrigada por nos dar a conhecer tantas coisas do país onde vive!

  8. adoro leite cru, mas fervo sempre, minha mae diz que bebia o leite imediatamente tirado da vaca ainda no curral na fazenda, ia direto das tetas para a canequinha dela com canela, ela nunca teve nada, mas eu prefiro ferver ! bjs

  9. Fui “criada” com leite cru, lembro-me de o ir buscar a uma vizinha que tinha vacas, e eu ficar á espera do final da ordenha, o leite vinha quentinho. E depois a minha mão fervia e aproveitava a nata para cozinhar e por vezes até fazia manteiga. Que saudades que me deu agora!…

  10. Entre 1979 e 1980 e por seis meses tomei Raw Milk durante um intercambio, Greenleaf, WI e posso afirmar que foi minha epoca mais saudavel!Anos sem caries,meses sem resfriado apesar do frio abaixo de 20 graus e alguns quilos extras por que não deu para resistir a pelo menos 3 copos de leite por dia. E viva Raw Milk!(Detalhe não era fervido e trazido diretos dos barns em jarras para a geladeira).

  11. Confesso que não sei se conseguiria resistir a provar um golinho do leite cru. Lembro que qdo era criança fui a um sitio e provei um saindo da vaca. Bebi muito e fiquei enjoada depois, mas tenho ceretza de que era porque não estava acostumada…bjo!

  12. meu pai morra num sitio e descobrimos um vendedor de leite…a preguiça de andar cedinho e ir buscar o leite contagia um pouco, mas sempre que acordo disposta faço o sacrificio…eu acho bem mais saboroso…é substancioso…não parece aguado como os de caixinha…eu acho q vale a pena…mas fervido lógico! bjos

  13. Fez parte da minha infancia o leite cru. Íamos todo dia pegar o leite na “vacaria”.Levavamos uma canequinha untada com manteiga para nào espumar o leite e o vaqueiro tirava do peito da vaca direto para a canequinha. Lembro do sabor e que saia quentinho… Era fervido o que levva para casa numa panela enorme. Quando esfriava fazia uma nata espessa e amarelada. Era colocado o sal e daí colocada na panela, mexendo, mexendo e resultava na manteiga de garrafa. Fah

  14. Na minha casa também se fervia leite todo santo dia. E haja nata! Minha mãe fazia uns pastéis de forno que eram tão bons…
    Btw, estou com o Uriel. Não tomaria o leite sem ferver de jeito nenhum. 🙂

  15. Eu também lembro do leite fervido da minha infância mas digamos que a nata nao é um bom souvenir…mas o tal biscoitinho parece ser uma boa pedida, bote a receita !
    Pra compensar quando compro queijos tipo camembert, bleu, cambozola, só compro os que são feitos com leite cru, que são muitooo melhores, apesar dos perigos e do fato que aqui quase todos são envoltos em películas plásticas o que deveria ser proibido ! 🙂

  16. Fer,este biscoitinho de nata feito desta forma é um clássico da nossa infância(da nossa geração),tenho lembranças da mãe reservando esta nata diariamente para fazê-los nos fim de semana,posso até sentir o gosto.beijo!

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