Vivendo sobre as ondas

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Tenho essa impressão fatalista com relação à certos feriados, por exemplo, eu tinha certeza absoluta que sempre iria chover no dia de finados e normalmente sempre chovia. Tá certo que essas “fatalidades” têm uma ligação bem forte com as estações do ano, que costumavam ser invariáveis. Tenho, de qualquer maneira, essas idéias pré-estabelecidas sobre a atmosfera de um feriado. Não tenho mais experiência de dia de finados, felizmente! Mas agora agreguei minhas premonições aos feriados que vivencio aqui na América do Norte. E pra mim não existe fourth of july que não seja tórrido. Todos os quatro de julho que vivenciei, desde que cheguei em Davis há dez anos, foram tórridos. Em alguns deles eu escapei para a praia, onde invariávelmente, verão, outono, inverno ou primavera, faz sempre frio. Já saímos de Davis aos quarenta graus, e tive que vestir um suéter e um casaco chegando na praia. Essas idas à praia são de fato um refresco. Aquele tal Lulu que disse que iria levar a vida sobre as ondas, certamente nunca cogitou mudar-se para o Central Valley do norte da Califórnia, que é a região onde estou, bem no limite do fresquinho da Bay Area. Aqui, as únicas ondas que pegamos são as de calor, e estamos surfando sobre uma neste exato momento.

Como não fugimos nem pra praia, nem pro lago, resolvemos enfrentar o quatro de julho enfurnados em casa. Nunquinha que eu vou fazer picnic de feriadão em parque sob um solão de 40ºC! Imaginei a cidade em massa acampada no parque onde acontecem os fogos no final do dia. Eu fui à esse evento uma vez e bastou. A base desse feriado é o picnic. E quando anoitece tem aquela queima de fogos, que dependendo da cidade pode ser uma experiência estimulante ou broxante. Aqui em Davis acho que atingimos um meio termo. Mas com bafão, ficar no parque a tarde toda? Nem pensar!

Fui nadar pela manhã, depois demos um pulo ao supermercado onde adquirimos um filézão de salmão selvagem, frutas frescas e ingredientes para uma bela salada, além de pão e bebidas. Não usei o fogão. O Uriel fez o peixe na churrasqueira e almoçamos bem tarde. Eu bebi vinho verde acompanhando o salmão que foi temperado somente com sal marinho e pimenta do reino e assado no papel alumínio sobre uma caminha de batata, para não grudar.

Passamos o resto da tarde esticados no sofá, lendo e cochilando na companhia dos gatos. Fizemos um lanche às oito da noite e subi às nove para abrir as janelas da casa. Ainda estava um pouco abafado. Às nove e meia começaram os fogos no parque e os cachorros do meu vizinho latiram sem parar por mais de meia hora, enquanto eu tentava ouvir os diálogos de Rope, do Hitchcock na tevê.

Hoje, cinco de julho, temperatura de 41ºC, seco como um árido deserto. Mas como sempre, estamos preparados com todas as técnicas e gears, surfando normalmente a nossa onda.

F   O   R   N   O  : parece que essa ondaça de calor engolfou não só o norte da Califórnia, mas todo o oeste norte-americano. muita calma neste momento! permaneçam indoors, não se abanem nem se afobem e bebam muita água!

7 comentários em “Vivendo sobre as ondas”

  1. tb tive sempre esta ideia de chuva no dia de finados !
    Mas que calor, 41 ? Aqui o verao ainda nao chegou, acho que se esqueceu da Bretanha ! Mas tenho certeza que ele vai dar o ar de sua graça ja ja, ai vou ter que aguentar o calorao. bjs

  2. Fer, fiquei encantada com o teu “varal de baunilha” ali de baixo,estes dias fiz um creme inglês para comer com uma compota de morangos inteiros que eu mesma fiz,ficou muito bom mas neste calor de vocês não vai muito bem..
    O cheesecake fica lindo com os pontinhos pretos..
    O calor em POA está infernal mas temos um temporal a caminho que já está na Argentina e vai nos pegar de jeito amanhã..um beijo!

  3. Fer, para mim, que sou bicho de frio (o próprio urso polar travestido de mulher), falar em calor assim é me deixar agoniada. Não suporto. Jamais vou ao nordeste brasileiro no verão, para dizer a verdade, nem para o Rio de Janeiro, cujo calor não fica muito atrás. Eu sempre procuro lugares mais frescos. No entanto, a refeição de vocês foi bem reconfortante. Beijo.

  4. Menina, o pior é sair e estacionar o carro no sol. Vira um forno propriamente dito. Saímos para a queima de fogos de noite só por causa de “pisqüilinha” e ficamos no carro com o ar ligado direto. A previsão é de dias tórridos pela frente e olhe que aqui é sempre mais fresco.

  5. 41 graus??? Que horror! Eu tenho pavor desses calorões. Calor pra mim, só na praia.
    E tô contigo Fezoca, picnic no calor, NEM PENSAR!
    É por essas e outras que o ar condicionado é a maior invenção do homem, depois do sorvete é claro. Hehe.
    Beijos
    Diego
    Ah, salmão selvagem com vinho verde é um luxo.

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