Quintessa

quintessa_2.jpg
quintessa_1.jpg quintessa_4.jpg
quintessa_5.jpg quintessa_6.jpg
quintessa_7.jpg quintessa_8.jpg
quintessa_9.jpg quintessa_10.jpg
quintessa_3.jpg

O Marcelo Freitas estava procurando a tradução para o português de um ingrediente em inglês, quando aportou aqui no Chucrute com Salsicha. Ninguém precisa ler todos os meus arquivos para concluir que tenho essa preferência pelos produtos naturais e integrais. Foi por isso que ele decidiu me convidar para fazer uma visita à vinícola onde ele trabalha no Napa Valley. Antes preciso dizer que o Marcelo é brasileiro e trabalha com food & wine na Bay Area desde que chegou aqui nos EUA, há quase vinte anos. Ele sabe das coisas, e não somente de qualquer coisa, mas do que é realmente bom e de qualidade.

Combinei tudo com o Marcelo, convidei um casal de amigos, ela brasileira e ele chileno, e o professor espanhol. Gente que gosta e entende um pouco de vinho e que iriam ser excelentes companhia num passeio assim. No sábado saímos cedinho em direção à Rutherford, no coração do Napa Valley, onde iríamos fazer uma private tour na Quintessa Winery.

Vinícolas abundam aqui na Califórnia. Só no Napa Valley são duzentos e cinquenta. E nós já visitamos um bocado delas, mas nenhuma como a Quintessa. A vinícola não tem aqueles chamativos todos que as outras têm. A sua estrutura física é discretíssima, mas de uma elegância ímpar. Fomos recebidos pelo nosso simpático guia, que nos levou para um dos passeios mais fantásticos que eu já fiz pela terra do vinho. As duas horas e meia que se seguiram foram cheias de surpresas e eu aprendi muita coisa sobre vinho e sobre as maneiras de produzi-lo.

Primeiro o Marcelo nos contou toda a história da vinícola e dos seus proprietários, os chilenos Agustin e Valeria Huneeus. A história da paixão deles pela cultura do vinho, ele um homem de negócios e ela uma artista e visionária cheia de idéias inovadoras, nos cativou. Ouvimos com atenção, curiosidade e admiração o relato da compra das terras, do plantio das primeiras videiras. A Quintessa pratica agricultura sustentável e biodinâmica para produzir uvas Merlot, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon. Ficamos especialmente impressionados com a utilização prática e eficiente dos princípios da Biodinâmica, onde tudo está em harmonia, planeta, céu, terra, estrelas, lua. Eles usam um preparado homeopático feito de silica, camomila, casca de carvalho e outras ervas como pulverização contra pragas e insetos. Valeria Huneeus além de tudo pratica o Zen Budismo, então não permite que nenhum animal seja morto na vinícola, nem mesmo os peixes do lago podem ser pescados.

Nosso grupo praticamente dominado por cientistas—dois professores de engenharia agrícola e um estudante de PhD de agronomia, teve reações de incredulidade e abismamento com relação à eficiência dessas práticas naturais e não tão disseminadas. Mas a qualidade das uvas e consequentemente do vinho provou que esse tipo de agricultura é possível. Conhecemos toda a vinícola, desde os campos de vinhas, até os cellars e depois fomos conduzidos à sala de degustação, onde pudemos bebericar safras de dois anos, 2003 e 2004, acompanhados de queijos e crackers e da explicação minuciosa e erudita do nosso guia. Segundo o nosso amigo chileno, esse foi o melhor vinho que ele bebeu na vida! Realmente, o sabor era delicioso, acentuado e suave. Me senti bebendo o resultado de todo esse processo harmônico, onde levou-se em conta todos os fatores da natureza sem pensar em maximizar safras nem lucro. Baco iria aprovar.

A segunda coisa que mais me impressionou, além da vinícola em si, foi o vasto conhecimento e cultura do nosso guia, Marcelo Freitas. Foi um grande prazer ter a companhia de alguém tão versado na arte de comer e beber. Recomendo aos visitantes do Napa Valley que façam uma parada obrigatória na Quintessa. Depois dessa visita, nenhuma outra tour ou degustação de vinho será tão gratificante.

Os vinhos da Quintessa são feitos com uma mistura primorosa de variedades de uvas. Como descreveu perfeitamente o nosso guia “o vinho feito com apenas uma variedade é como um concerto solo de violoncelo. a música é suave e linda. mas o vinho feito de diversas variedades é como o mesmo concerto tocado por uma afinadíssima orquestra. é uma experiência simplesmente indescritível.”

16 comentários em “Quintessa”

  1. Fer,
    Isso é que eu chamo de viagem…. um passeio maravilhoso e inesquecível. Já coloquei a Quintessa na minha lista de sonhos de consumo.
    Bjs
    Andréa

  2. Aí estáááááááááá… lindo!!!!
    Fantástico!!!
    Fabuloso!!!
    Agora, vamos combinar que falta muita experí pra atingirmos o teu knowhow de fotos né?!
    Bjão, Diogo

  3. Nossa, Fernanda, você sabe descrever bem um lugar. Eu já fui duas vezes no meião do verão e, ainda que tenha visitado algumas vinículas menos turísticas, juro que me dá muita aflição degustar vinho tinto. Mesmo nas salas mais sofisticadas c/ o ar condicionado a mil. Mas confesso que me deu a maior vontade de voltar!
    bjs

  4. Fernanda,
    que relato delicioso. Adorei saber sobre as técnicas de agricultura usada e todos os detalhes que você compartilhou tão generosamente.
    E sua bata/vestido é linda!
    Bjs

  5. Fer, você me encanta… 🙂
    Que sorte a sua e que sortea nossa por podermos ler a sua narrativa… parecia que estava lá!
    Fez-me lembrar um filme que consta dos meus preferidos e que você deve conhecer chamado “Sideways”, que relata precisamente a viagem de dois amigos por essa zona. Adorei!
    Beijinhos

  6. fer, aquele e o seu “urso”? eu me divirto quando a gente cria um personagem e depois “e apresentada” a ele. o seu marido, por exemplo. eu imaginava completamente diferente! 😛
    adorei o texto. vou dar uma xeretada pra ver se acho o vinho deles por aqui.
    xx
    ps estou me ensaiando pra comprar ruibarbo. voce me deixou com coceira. o tradicional aqui um uk e fazer crumble com ele! 🙂

  7. Fer, você faz cada passeio interessante…fico aqui babando de vontade de ir também! Que delícia!!!! Deu uma lombriga de beber esses vinhos…hum!
    Beijos!

  8. Fer, adorei a narrativa e as informações. Se um dia for para a Califórnia, não esquecerei de visitar este lugar. O fato de você nos ter contado o seu passeio já foi um presente para mim.
    Viajamos com você a aprendemos coisas interessantes. Obrigada e beijos.

  9. Para mim, quando compramos/bebemos um vinho, estamos apreciando não só a bebida, mas todo o processo e filosofia envolvidos. Vinho é uma bebida viva.
    Meu sonho é conhecer todas as regiões vinícolas do mundo. Por enquanto, conheço apenas as do Brasil (Vale do São Franscico, Serra Gaúcha, Campanha Gaúcha, SC e PR) e um pouco da Argentina. bjo, Nina.

  10. achei (achava) que na cultura de vinho que é baseada em séculos de tradição, a uva fosse orgânica e ponto. Mas enfins, com tantas pestes, solo contaminado, erosão…acho que o vinicultor tb. não segurou a onda e dá-lhe química.
    Agora veja bem essa…sistema biodinâmico! Aqui no Brasil o único vinho orgânico certificado é o Velho do Museu, da Juan Carrau, fica aqui no sul ( http://www.velhomuseu.com.br), tomei e gostei.
    Mas amei viajar neste post…

  11. Fer, que lugar maravilhoso. Deve ter ficado mais ainda em companhia tão agradável. Já estive em Napa Valley e visitei algumas vinícolas mas confesso que nunca tinha ouvido falar na Quintessa. Talvez volte à Califórnia ainda neste ano (vontade não falta), aí vou pedir o endereço. Beijo.

Deixe uma resposta para CláudiaCancelar resposta